Dia Afinado
Por carlos Sena .
Por carlos Sena .
Disseram-me, quando criança, que dia de finados é aquele que se comemoram a migração dos nossos entes queridos deste, para outro plano espiritual. Crescido, cuidei logo de modificar essa compreensão. Primeiro porque quem de fato amamos não morrerá jamais. Dentro de nós ele permanecem incólumes. Apenas nós, egoisticamente, gostaríamos de vê-los por perto, bulindo, não raro nos servindo ou atendendo às nossas expectativas. Porque segundo o poeta quando nós choramos por quem morre é por nós que choramos.
Hoje, ao invés de ficar triste, fico alegre. Em estado de graça, porque me livrei de pessoas e coisas e acontecimentos que não faziam sentido existir dentro de mim. No rol das "pessoas" porque me livrei de muita gente falsa. Como elas são duras na vida, eu as matei dentro de mim. No rol das coisas, livrei-me do devaneio que o consumo exagerado nos proporciona. Dos acontecimentos eu me livrei de shows tipo Calypso, Garota Safada, caça-grana de Silas Malacraia, Edir Morcego e alhures. Depois dessa minha "faxina" interior nunca mais "dia de Finados" foi o mesmo. Hoje faço festa e vênia. Sou mais leve e mais livre. Os "ossos" dos meus que estão no cemitério que fiquem por lá cumprindo os preceitos bíblicos de que "ao pó retornarás"... Esses que "vivos" "atravancam meu caminho - eles passarão, eu passarinho"... Quando viram cobra eu piso com todo gosto em suas cabeças.