O pão nosso de cada dia
O homem estátua ocupa espaço demais.
Nenhum ser deve se dar ao luxo de dizer que não é capaz ou que não tem serventia. Mesmo os mais estúpidos servem para carregar o mundo nas costas e até mesmo aqueles que se dizem imprestáveis poderão oferecer seus corpos para experiências científicas ou até mesmo para experimentos maquiavélicos.
Diferentemente das pedras o homem tem dentro dele uma infinidade de pilhas que podem ser recarregadas de forma simples e barata. Não é preciso que se ligue na tomada, não é necessário que mude a polaridade. Basta o simples desejo de se locomover para que suas pernas o carreguem para outros lugares. Ao homem foi dado o mapa da sobrevivência. Ele não precisa de forças externas para sair da inércia que muitas vezes o atormenta.
Dizem que é proibido proibir. Veja que coisa contraditória, alguns ainda não perceberão que o viver é árido, mas que mesmo na aridez é possível colher flores e frutos. Alguns conseguem andar a sós no meio da multidão, como se nada houvesse para ser dito ou escutado. É até engraçado, muitas vezes me pego perguntando onde andam os homens? Provavelmente nem mesmo eu saiba, mas, com certeza, os tenho procurado todos os dias em todos os cantos das ruas ou dos becos fedorentos e descarnados.
A solidão nos torna invisíveis, impenetráveis. Porém alguns se fazem visíveis usando Prada, outros como John Lennon e Yoko Ono, encontraram uma solução mais em conta: arrancam as vestes e pousam nus para o mundo. Infelizmente estas prerrogativas são para poucos.
Certa vez o filósofo Diógenes saiu pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa gritando: “procuro um homem!”. Tentaram socorrê-lo pensando tratar-se de um louco, no que Platão teria dito: “se vocês têm realmente piedade dele, é melhor irem embora.”
Não sou nenhum filósofo, mas estou quase saindo às ruas para perguntar onde estão as pessoas?