Higiene: Questão Cultural

Para que não venham com discriminação e preconceito com meu Nordeste, ou mesmo com meu país, começo pela França, civilização europeia, mais precisamente Palácio de Versalhes. Um suntuoso palácio, ainda hoje visitado por turistas do mundo inteiro, que sequer possuía banheiro, lá pelos anos 1600 a 1700. Nem vou aqui descrever o que faziam com as fezes e urina das decentes damas e seus ilustres cavalheiros. Além do mais, não tinham o hábito de tomar banho.

Volto agora para um tempo não muito longínquo e para o meu querido Nordeste, no tempo do Império. Minha cidade recebeu a visita de Dom Pedro II, quando ainda não havia o hábito de construir banheiro. Sua Majestade, naturalmente, já usava o penico, não tinha de ir ao mato, para fazer suas necessidades por trás de uma árvore. Seus vassalos ficavam encantados com seu “penico de ouro”. Ah que luxo!

E hoje, o que preferimos?

Um penico de ouro ou uma simples bacia sanitária de louça com descarga para mandar embora aquele amigo mal cheiroso?

Mais recentemente, nos anos 1970 a 1980, morei em algumas cidades ribeirinhas do baixo São Francisco, por onde passou sua Majestade o imperador e conheci alguns dos “palacetes” onde ele se hospedou. Quanta honra para seus habitantes!

E ainda usavam o penico. Só as casas dos mais abastados possuíam banheiro.

Hoje, felizmente, o banheiro e a cozinha das casas, que antes eram desprezíveis, passaram a ser os cômodos de maior zelo. Isto, evidentemente, por uma questão cultural.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 01/11/2014
Reeditado em 01/11/2014
Código do texto: T5019666
Classificação de conteúdo: seguro