Um Doce Adeus
Quando cheguei, ela me esperava no portão, me fez o seu tradicional carinho, nos seus olhos brilhando de felicidade, por me ver, identifiquei em frações de segundo uma sombra de despedida.
Infelizmente minha intuição não falhou, ela disse:
_ Estava te esperando para me despedir. –
Antes Que ela dissesse mais alguma coisa, falei meio irritado:
_ Você não pode fazer isso! Agora que conquistou meu coração... você quer ir embora? –
Me olhando com aqueles olhos encantadores, confirma. _ Sim! Preciso ir...–
Meu velho sentimento de posse, meu egoísmo, vieram à tona, falei áspero atropelando as palavras:
_ Isto não é justo! Te encontrei numa noite fria, gemendo, fugindo de perseguidores, faminta, machucada, apavorada, te socorri, aqueci seu corpo, te alimentei, sosseguei seu desespero, te dei carinho... Agora você vem simplesmente me dizer Adeus? ....
Você acha isso certo? -
Ela novamente me olhou faiscando e piscando seus belíssimos olhos, sem demonstrar nenhuma irritação, perdoando minha ignorância humana, explicou:
_ Serei eternamente grata por ter me socorrido, agora que estou bem, já encontrei o caminho da minha casa, existem crianças sentindo muito a minha falta, preciso ir. -
Enquanto ela se enroscava em mim fazendo um carinho de despedida, fiquei envergonhado por minha atitude egoísta de querer mantê-la na minha casa, após esfregar sua cabeça no meu rosto, foi lentamente indo embora.
Seus pêlos negros como a noite brilharam com a luz pálida da lua, fiquei estático vendo seu caminhar suave e encantador.
Saindo do meu estupor falei:
_Você virá me visitar? –
Ela se virou com um último olhar, depois desapareceu na escuridão.
Meu coração bateu feliz, tive a certeza que ela virá me visitar.
Aí, sim, eu poderei lhe dizer que na verdade quem é eternamente grato sou eu, pelo carinho atenção e companhia que me fez.
Olhei para o céu, agradecendo a Deus por ter convivido com aquela linda gatinha, Dizendo a mim mesmo:
“Temos muito a aprender sobre o amor e carinho, dos animais”
Autor Mário Silva