A DITADURA QUE PASSA DE BOCA EM BOCA
Na saída da escola onde votei encontrei uma amiga de longa data, ela nem bem cumprimentou-me e já foi indagando:
- Foste de Tarso?
Respondi que não, ela desapontada disse que era uma pena, então emendei que não votaria mais no PT. Fomos caminhando na direção do portão e ela queria saber por que, respondi que o PT ao invés de defenestrar os envolvidos no mensalão ficou apoiando-os e se solidarizando com aquele bando de criminosos.
Quis saber mais da boa vontade dela com o Tarso e ela categoricamente:
- Ele foi perseguido pela ditadura! Então lasquei:
- E você? O que a ditadura fez na tua vida?
- Eu sofri com os atrasos de salário do meu pai.
Onde ele trabalhava perguntei eu, na prefeitura de Porto Alegre completou ela.
Pois é será que a ditadura tinha alguma influência na administração municipal? Lembro que meu pai também trabalhava na mesma prefeitura e comíamos arroz com ovo, ovo com couve, bolachas quebradas compradas numa fila enorme na fábrica Coroa localizada na avenida Coronel Massot. Era o ano de 1963, portanto antes da tal ditadura.
Temos a mania de sentir dor pelos outros, mesmo que os tais "outros" não tenham dor.
Um exercício de memória:
- Quem lembra de algum infortúnio que a ditadura tenha causado dentro do próprio lar? - não vale no lar do vizinho!