OMI GALHO

Personagem habitante do imaginário de nossos filhos, já não será de nosso neto, embora ele resida na mesma casa.

O tal omi galho primeiro perdeu sua companheira que não era a omigalha e nem tão pouco recebeu migalhas de compaixão nos anos que os levaram nossas crianças à adolescência.

Ele chegava depois do entardecer e fustigava a imaginação de todos e acabava levando ao sono os pequeninos, o principal divertimento dele era roçar a ponta dos dedos na janela do quarto e não raras vezes subia no telhado e arranhava-o como se fosse um gato enorme afiando as unhas. Durante o dia ele sumia, talvez abafado pelo ruido dos veículos que passavam logo ali na esquina. Quanto mais silenciosa a faixa e quanto mais forte a brisa, mais ele se retorcia fazendo as crianças arregalarem os olhos.

Nas noites de outono a brisa morna dava-lhe um ar de tranquilidade e anunciava ataques mais violentos e com açoites enérgicos acompanhados de pequenos uivos.

Um dia ele foi descoberto, num descuido deixou uma das pontas do galho presa na janela no momento de fechá-la e sem a liberdade de sua extremidade não conseguiu roça-la, ausente despertou a curiosidade dos meninos, que logo descobriram que eram os galhos do salso chorão que produziam o "efeito omi galho".

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 31/10/2014
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