Platônico

Ouvi seus passos entre multidões e temi, ignorando o som que vinha da sua direção. Fechei minhas pálpebras para não sentir o efeito frenesi que a presença barulhenta me causaria, fugindo do ruído lento que tocava em meus pensamentos como canções.

Em um descuido despercebido alcançou minha vulnerabilidade, injetou dose de fogo em minha pele causando ardência prazerosa, viciante e alucinógena. Beleza sutil, cercada de encantamento, persuade meu olhar sem esforços e conduz.

Passeia em meus sonhos e enriquece à minha fértil imaginação. Ser de forma intangível, sentimento platônico que instiga o meu desejo. Sede que se intensifica ao lembrar que não passará de letras. Seus gestos justificam o meu fascínio, cantam pra mim.

É evidente meu encanto por aqueles olhos, flertes que me levam à nostálgica reflexão inconformada de que sua face admirada por mim será apenas um quadro inspirador. Não deixarei que esse laço inebriante, doce e proibido se revele, e crie morada em meu interior.

Lu Veríssimo Art
Enviado por Lu Veríssimo Art em 31/10/2014
Reeditado em 31/10/2014
Código do texto: T5018524
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