Jardins de Oliveira Andrade
Esfrego os olhos
Raspo a testa e
Apoio o queixo em minha mão.
Fito o ar, sereno e seguro.
Alguns instantes apenas
E me desligo do mundo
Abro a cortina do passado
Remonto minhas memórias
E recrio minha história
Saudades dos jardins
de Oliveira Andrade
Cidade bem ruim
Mas que deixou saudade
Lá conheci Nélida
Moça jovem, extrovertida
Cuidadora da estrebaria
Dona de uma pureza linda
Encantadora com sua cantoria
Conversávamos por longas noites
Onde luz escura se transformava em dia
E o encanto do alvorecer
E o canto das cotovias
Transformava nossa amizade em paixão que ardia.
Não nos tornamos amantes
Nem tampouco nos provamos
Nélida sumiu sem deixar lembrete
Foi sem dizer para onde ia
Anos passados
Diziam em Oliveira Andrade
A estória de uma moça linda
Que de desgosto se desalmou
Em uma cidade vizinha
Diziam eles, era a moça da estrebaria
Que de tanto amar e não conseguir falar
Pois fim à própria vida
E ao amor deixou, uma carta perdida.
Hoje me lembro de Nélida
De sua boca e pele macia
Tanto me furtei em tê-la,
Hoje tenho a alma vazia.
Não voltei mais à Oliveira Andrade
Desde o dia posterior à sua sumida
Cidade bem ruim
Mas que me trouxe o Amor
Que carrego todo o dia.
(Marcelo Catunda 29/10/2014)