LUTA DE CLASSES E REFORMA POLÍTICA
IGNORARMOS A REALIDADE DA LUTA DE CLASSES equivale, a meu ver, a ignorar o racismo, a xenofobia, a homofobia e o machismo. Buscarmos a unidade é um nobre objetivo – talvez o maior de todos, ao fim das contas. No entanto, desprezar uma realidade como a “mais-valia” é quase como ignorar o egoísmo inerente ao ser humano, o que nossa gloriosa sociedade capitalista de classes só faz acentuar, com a consequente concorrência desleal entre os homens: direitos iguais para pessoas em condições – inatas – completamente diversas.
Sim, nosso país está dividido, talvez mais claramente do que nunca. Devemos buscar da melhor forma uma alternativa de unidade nacional, para que nosso país continue a crescer. Mas que tal crescimento não signifique, de forma perniciosa “um crescimento do bolo para depois (futuramente; num hipotético futuro) dividi-lo”. Essa conversa fiada das elites donas dos meios de produção não cola mais.
Obviamente, o PT não vai aplicar um golpe comunista no Brasil. Os tempos são outros. Temos uma direita forte... Temos um capitalismo industrial e agrário bem estruturado e que nas últimas décadas só cresceu: somos uma das maiores economias do mundo, graças às ações do Governo e à eficiência dessas elites produtoras. Mas não esqueçamos de quem são os braços e mentes daqueles que, de fato, produzem a riqueza: são dos trabalhadores. Não vai haver golpe comunista. Contudo, é necessária, sim, uma consciência de classe em nosso povo e o entendimento dos mecanismos usados pelos verdadeiros donos do poder neste país, para assim, compreendermos a importância de uma ampla reforma política. É urgente uma mudança de regras que, para início de conversa, tire o cabresto das mãos dos grandes empresários que estendem seus tentáculos maliciosos sobre as casas legislativas deste país. Não é mais possível aceitarmos inocentemente, por exemplo, que uma empresa de saúde privada financie a campanha de um candidato que diz que vai melhorar a saúde pública. Ou esperar que um candidato que receba financiamento do grande agronegócio vá trabalhar no Congresso a favor da agricultura familiar ou votar em alguma lei a favor de uma reforma agrária. E o fim da corrupção, se é impossível – e é impossível – só poderá ser minimamente viável com uma reformulação das regras do jogo político. É urgente que se conheça melhor os mecanismos de dominação e exploração, que envolvem representação política patrocinada, incluindo o papel da mídia permeando tudo... Conhecer as regras do jogo para, se não vira-lo, torná-lo, ao menos, mais equilibrado em favor de quem trabalha. Reforma política, meus amigos!