Ofereci o meu ombro
Hoje encontrei com um brasileiro bastante indignado, pois havia votado no último domingo para presidente da república, mas seu candidato não fora agraciado com a vitória. Perdera por uma diferença de apenas três por cento para a adversária, Dilma Rousseff. O Brasil estava dividido. Quiçá, multidões de brasileiros também estariam como ele, chocados. E ele encontrou o meu ombro para depositar a suas angústias. Falava desenfreadamente como se comentasse uma partida de futebol que terminara, seu time perdera no último segundo, sofrera um pênalti, e o goleiro não teve a sorte de defender a cobrança do artilheiro.
De imediato denunciava, cobrava do eleitorado mineiro uma postura a favor de seu candidato: “Que vergonha, o Sul do país, São Paulo, Distrito federal..., apoiaram Aécio, mas ele perdeu em Minas”. Sobretudo culpava a classe dos professores mineiros, que declararam o voto na adversária. Comentou que alguns professores estimularam os alunos a votarem na candidata, em salas de aula e pelas redes sociais, e deixaram transparecer grande rancor por Aécio Neves, acusavam-no de um suposto descuido com a classe, quando então governador de Minas.
Vendo o seu desespero tentei acalmá-lo e abrandar o seu ressentimento com os professores mineiros. Expliquei que o sindicato dos professores no estado era filiado ao partido da candidata, por isso os mestres foram tão influenciados pelas interpretações rivais ao candidato, e que a candidata reeleita teria que atender ás demandas para educação, principalmente favorecendo o crescimento do PIB, já que 10% de um “Pibinho” não supririam as necessidades da educação do país. Todavia as informações não surtiram o efeito esperado, e ele replicou: “as professoras não votam nele, nem para governador”, “o ódio é explicito”.
Porém, não foi de tudo perdido, pois ele de repente mudou o foco de seu raciocínio. E continuou: “Tem o problema do bolsa–família, em Minas tem muita gente que recebe o benefício, como no Nordeste, onde a candidata também ganhou do Aécio. E acrescentou quase sem fôlego, transparecendo uma emoção exacerbada: “Conheço um servente de pedreiro que ganha quase R$ 1.800,00 por mês, mas é autônomo, ele me disse que sua mulher recebe o bolsa-família, pode?” Mais uma vez tentei mediar a situação, disse-lhe que o programa assistencial era bom, porém esse controle precisava ser feito, para evitar essa situação, pois como se pode explicar 50 milhões de beneficiários do bolsa família, se o desemprego no Brasil era de apenas seis por cento? Ele retrucou afirmativamente que o bolsa-família era responsável pela vitória da candidata. Entretanto não encerrou o desabafo. E recebi no meu ombro uma tonelada de palavras arrebatadas do fundo de sua alma.
Este exasperado brasileiro declarou incontinente que o Rio de Janeiro não dera a vitória ao seu candidato, porque este se posicionara muito veemente sobre o combate ao narcotráfico a partir das fronteiras com o Brasil. Pela primeira vez o vi criticando Aécio Neves, ele se posicionou contrário à atitude de seu candidato, disse: “ele foi inocente, foi muito infeliz com a declaração, porque no Rio de Janeiro o crime organizado também influencia nas eleições”, e ainda alertou que não ouvira da adversária nenhum posicionamento como o do seu candidato, e ainda acrescentou que ela fora muito bem instruída. Que as UPPS já estavam controladas pelo narcotráfico, que o crime organizado já se acostumara com as disputas com os policiais.
Eu tive que reconhecer leitor, que as baixas de policiais das UPPS e de traficantes, realmente, já se tornaram rotina. E que o seu raciocínio poderia ter alguma lógica, concorda? A escuta mais uma vez provou ser o melhor remédio para aflições. Deixei-o mais tranquilo, seu luto parece que saíra do estágio do rancor para o de aceitação, e já demonstrava planos para acompanhar o desempenho do novo mandato da presidenta e cobrar. Ele fazia parte dos cinquenta e um milhões de brasileiros que pediam por mudanças, que exigiam mais qualidade nas políticas públicas, fim da corrupção e direito de ir e vir com segurança.
De imediato denunciava, cobrava do eleitorado mineiro uma postura a favor de seu candidato: “Que vergonha, o Sul do país, São Paulo, Distrito federal..., apoiaram Aécio, mas ele perdeu em Minas”. Sobretudo culpava a classe dos professores mineiros, que declararam o voto na adversária. Comentou que alguns professores estimularam os alunos a votarem na candidata, em salas de aula e pelas redes sociais, e deixaram transparecer grande rancor por Aécio Neves, acusavam-no de um suposto descuido com a classe, quando então governador de Minas.
Vendo o seu desespero tentei acalmá-lo e abrandar o seu ressentimento com os professores mineiros. Expliquei que o sindicato dos professores no estado era filiado ao partido da candidata, por isso os mestres foram tão influenciados pelas interpretações rivais ao candidato, e que a candidata reeleita teria que atender ás demandas para educação, principalmente favorecendo o crescimento do PIB, já que 10% de um “Pibinho” não supririam as necessidades da educação do país. Todavia as informações não surtiram o efeito esperado, e ele replicou: “as professoras não votam nele, nem para governador”, “o ódio é explicito”.
Porém, não foi de tudo perdido, pois ele de repente mudou o foco de seu raciocínio. E continuou: “Tem o problema do bolsa–família, em Minas tem muita gente que recebe o benefício, como no Nordeste, onde a candidata também ganhou do Aécio. E acrescentou quase sem fôlego, transparecendo uma emoção exacerbada: “Conheço um servente de pedreiro que ganha quase R$ 1.800,00 por mês, mas é autônomo, ele me disse que sua mulher recebe o bolsa-família, pode?” Mais uma vez tentei mediar a situação, disse-lhe que o programa assistencial era bom, porém esse controle precisava ser feito, para evitar essa situação, pois como se pode explicar 50 milhões de beneficiários do bolsa família, se o desemprego no Brasil era de apenas seis por cento? Ele retrucou afirmativamente que o bolsa-família era responsável pela vitória da candidata. Entretanto não encerrou o desabafo. E recebi no meu ombro uma tonelada de palavras arrebatadas do fundo de sua alma.
Este exasperado brasileiro declarou incontinente que o Rio de Janeiro não dera a vitória ao seu candidato, porque este se posicionara muito veemente sobre o combate ao narcotráfico a partir das fronteiras com o Brasil. Pela primeira vez o vi criticando Aécio Neves, ele se posicionou contrário à atitude de seu candidato, disse: “ele foi inocente, foi muito infeliz com a declaração, porque no Rio de Janeiro o crime organizado também influencia nas eleições”, e ainda alertou que não ouvira da adversária nenhum posicionamento como o do seu candidato, e ainda acrescentou que ela fora muito bem instruída. Que as UPPS já estavam controladas pelo narcotráfico, que o crime organizado já se acostumara com as disputas com os policiais.
Eu tive que reconhecer leitor, que as baixas de policiais das UPPS e de traficantes, realmente, já se tornaram rotina. E que o seu raciocínio poderia ter alguma lógica, concorda? A escuta mais uma vez provou ser o melhor remédio para aflições. Deixei-o mais tranquilo, seu luto parece que saíra do estágio do rancor para o de aceitação, e já demonstrava planos para acompanhar o desempenho do novo mandato da presidenta e cobrar. Ele fazia parte dos cinquenta e um milhões de brasileiros que pediam por mudanças, que exigiam mais qualidade nas políticas públicas, fim da corrupção e direito de ir e vir com segurança.