Louvor ao desamor
A vida é feita de lembranças, boas e ruins. Muitas vezes queremos limar de nosso pensamento alguns sentimentos que ainda teimam em cutucar-nos o âmago vez ou outra. Mas é mais que sabido que tentar e querer é mais simples que conseguir. Algumas pessoas entram em nossas vidas para delas não mais sair. E nem sempre isso é positivo. Muito ao contrário, aliás.
De tudo tenta-se para mudar o panorama. Entrega-se a outras paixões, encontram-se novos amores, cultivam-se novos hábitos e outro sem fim de ações para extirpar o que não mais lhe agrada. É inerente ao ser humano abraçar o que lhe convém e ignorar o que lhe faz mal. Ou assim deveria ser.
Cada pessoa recorre a um escape para novamente fazer de si senhor do teu destino e retomar as rédeas da própria vida. Cada um sabe o que melhor lhe serve e como praticar isso no dia a dia, de forma a se poupar de desilusões futuras e vacinar-se contra as pegadinhas do viver.
O meu caminho talvez seja o mais baixo, vil e inescrupuloso dos engodos. Louvo ao desamor e tudo que lhe tange. Nada mais de apegos, carinhos, olhares casadoiros, suspiros enamorados ou juras de eterno amor. Longe de mim! Aprendi que a única forma de amor válida é a praticada consigo mesmo, em que és o número um de sua lista. Aprendi a desamar amando a outrem, a mim, a mais ninguém.
O desamor é futuro do amor. Em um mundo cada vez mais carente de relações pessoais e farto de interações virtuais, torna-se hercúlea a tarefa de realmente conhecer alguém. Quanto mais próximos achamos estar, mais distantes estamos a ficar. E assim vamos nos distanciando, nos desconhecendo, nos estranhando, apesar dos indícios do mundo nos jurarem o contrário.
Louvo ao desamor por entender ser este o caminho mais curto para se evitarem as decepções. Para mim e para quem eventualmente acredita no ideal romântico. Está ele morto e sepultado, e quanto antes esquecido, melhor.
Se sinto orgulho de bradar esta postura? Incondicionalmente! Se sinto orgulho de assim proceder? De forma alguma!