A Política no Brasil e os não fazedores de Política
Quando meu avô era vivo, gostava muito de conversar com ele, embora não compartilhasse do seu amor pelo PT, que no caso dele havia se iniciado no final da ditadura quando o povo deseja ter uma voz que os representasse e sentir que pertenciam a um grupo que de fato soubesse o quanto é dura a vida da classe pobre e desamparada.
Gostava de discutir política com ele pois apreciava ouvir seus argumentos, inteligentes demais para alguém que nunca havia frequentado uma sala de aula e sabia apenas assinar o próprio nome. E também por ser ele um profundo conhecedor do jogo político, conhecimento empírico adquirido no convívio quase que diário com prefeitos, vereadores, deputados e senadores. Achava lindo a desenvoltura com qual meu avô passeava pelos corredores do Palácio das Esmeraldas, Paço Municipal e com mais frequência a Câmara de Vereadores e Assembleia Legislativa.
Sabedor do meu posicionamento apartidário e do meu desejo de não votar em ninguém, sempre me convidada a decidir por alguma legenda, afinal nas palavras dele: "Quem não se posiciona, quem não vota, não pode cobrar depois."
E meu avô sempre acreditou que o que move a política é a cobrança do povo. Acreditava ele que após depositar seu voto na urna o cidadão comum adquiria o direito de ir na presença do eleito, fosse ele seu candidato ou não, cobrar pelas promessas feitas em campanhas bem como reivindicar as melhorias que considerava justas e necessárias.
Este entendimento norteou toda a vida do meu avô.
Ele nunca deixou de votar, mesmo ao 88 anos, já doente, participou da campanhs política, para a prefeitura tanto da sua cidade como de outras duas, onde se buscava a eleição de aliados; e também nunca deixou de reivindicar que se fizesse algo pelo povo.
Hoje, sinto não termos muitos mais Beneditos, fazendo política no Brasil.
E sinto também não estar a altura de dar continuidade a esta herança.
Meus pêsames ao Brasil.