Crônicas de Passa Quatro II - Povo do interior
Sabe o que mais gosto em Passa Quatro, além dos ipês amarelos? Das pessoas. Aqui podemos cumprimentar cada pessoa que encontramos pelo caminho, e todos retribuem o cumprimento. Quase todos se conhecem e você pode encontrar um amigo em cada esquina.
A espontaneidade do povo do interior é incrível, tem sempre alguém perguntando: “você está grávida?”, para uma moça que engordou uns quilinhos, ou: “onde você comprou essa blusa e quanto custou?” ou até mesmo: “Você queria cortar o cabelo assim mesmo?” quando não gostaram muito do corte. Mas tem algumas pessoas que acabam passando dos limites sem se dar conta, perguntando: “Você trocou de emprego né, quanto você está ganhando agora?” Não estou inventando, já ouvi essa pergunta e as pessoas envolvidas nem eram parentes nem nada.
Uma coisa incrível que acontece muito é você encontrar com um conhecido, que você não lembra onde conheceu, e a pessoa diz: “Vai lá em casa um dia desses” e você responde: “vou sim, pode deixar” mas nem sabe em que bairro o indivíduo mora. É a simplicidade do interior. É normal aqui, encontrarmos com colegas do primário, ou até do jardim de infância e bater um papo, mesmo fazendo mais de vinte anos que não se encontravam e verificar assombrado a profissão escolhida, os filhos e como acabamos envelhecendo tanto. Como o tempo voou.
Interessante também foi quando meu marido comprou uma bicicleta de motor, uma raridade por aqui ainda, e para melhorar, mandou instalar uma garupa para poder me levar junto, bem, nas primeiras vezes que passamos rasgando pelas ruas, todos que viam acenavam, gritavam, apontavam; eu me senti na garupa de um disco voador. Não se passa despercebido em cidade pequena, mas até que é bom pois sempre que precisar, em um momento de dificuldade, qualquer conhecido te ajuda. É a bondade e o amor do povo do interior.