A BÊNÇÃO

Rogério sempre viajava a serviço e Patrícia ficava sozinha com os filhos.

Toda noite, a dona de casa chamava os meninos para lhe tomarem a bênção.

-Bênção, mamãe. – Dizia a mais velha, dando um beijinho em sua mão.

-Deus a abençoe, Clarisse. – Falava a mãe, beijando-lhe a mão também - Durma com Papai do Céu e os anjinhos.

-Bença, mãe. – Gabriel repetia o ritual e os dois iam para o quarto esperar a mãe para contar-lhes historinhas.

Certa noite, Gabriel pediu:

-Maninha, dá bença eu.

-Não, Biel; você não é meu pai.

O garotinho insistiu chorando.

-Dá, maninha. Eu quelo.

-Já disse que não dou.

-Ô filha, o que custa pedir a bênção ao seu irmão?

-Tá bom, mamãe. Bênção, Biel.

-Deus bençoia. – E beijaram as mãozinhas.

Satisfeito, o menino foi para a sua cama soluçando e com o rostinho molhado de lágrimas.

Dali em diante, toda a família pede a bênção antes de dormir, sempre com beijinho na mão.