Refazer um país.
Deletei...hummm...perdi a conta dos amigos que bloquei no face. Não sei se eram amigos!? O que são amigos? No WatsApp, outra fração. Tantos ataques... não me sinto seguro, parece que carrego em minhas mãos uma bomba! Ou será uma arma?
Meu mundo está pesado. Os poucos que ainda convivo já não pensam comigo. Comecei a sentir o gosto de uma enorme ressaca em minha boca. Meu cansaço está visível, no meu rosto, em meus gestos, na minha disposição em atravessar uma via. Alguém falou em idade. Sempre tem alguém arrumando uma desculpa por você, encontrando uma plausível e racional explicação. A internet sempre ágil e virulenta deu pra trancar, parece que um mundo conspira pra frear o mundo.
Acabou o campeonato. O time sagrou-se campeão, mas parece que não valeu a pena. O resultado conquistado, a alegria do objetivo alcançado não condiz com o esforço das infindáveis rodadas de jogos duros, embates brutos, desgastantes. Para sermos campões, construímos o que? Que estrada construímos? Um caminho tortuoso, um caminho largo e pavimentado, sem pedras, onde está o rastro... Estamos focando no objetivo e esquecemos de aproveitar o tempo do caminhar, de construir, de discutir, de ponderar, de aprender, ensinar... curtir.
Meu adorado mundo virtual, minhas horas incansáveis de comentários, compartilhamentos, ainda não sei bem qual foi a roda viva que passou por cima desse mundo imaterial... desconectando tudo, desintegrando, deformando... perdi o controle. Sei lá se em algum momento eu tive controle de qualquer coisa.
Acredito que muitos como eu estão assim. Achatados pelo peso de uma bigorna que pairou sobre muitas cabeças, nesses últimos dias. Acho que perdemos a paciência, a capacidade de aceitar o diferente. Será que me falta prática de convivência? Me falta história? Saber que nada é assim de um dia para outro, tudo demanda tempo... Nascer, crescer, maturar, onde foi que deixei esse ensinamento básico, empírico!?
Já devia saber que nesse mundo quântico a realidade é uma. Mas, o que meu olhos vêem o que meu nariz cheira tem outro tempo, mais lento. E nesse que está meu corpo, minha consciência. É nele que percebo quem anda ao meu lado, ouço, afago, abraço...
Esse domingo está terminado, como um dos mais longos. Parece que não foi um dia, mas uma infinidade de dias somados, implodido. As pálpebras pesam reclamando descanso. Nada mais há que se possa fazer, por hoje. Talvez Amanhã.
Amanhã, quando acordar, espero que abra os braços, me abrace, para que possamos refazer um país.