DAS CARTAS À INTERNET
Estava eu a me perguntar o que leva uma pessoa a se apaixonar por outra sem ao menos conhecê-la. No entanto, recorrendo aos arquivos do passado, folheei páginas de um namoro, acontecido na família, onde a minha irmã mais velha, sem conhecer o pretendido, acabou se apaixonando e se casando vinte anos após.
E olha que eram outros tempos. Tempos das trocas de correspondências, via cartas, em endereços anotados nas páginas de revistas femininas da época, onde os solitários de coração procuravam uma companhia para se corresponderem e, se possível, concretizarem o sonho do casamento. E foi assim, dessa forma que aconteceu: ela viu um endereço de um tal José Manoel, português de Trás dos Montes, na última página de uma revista chamada “Contigo”, onde ele dizia querer se corresponder para futuro compromisso.
E assim se sucedeu: um compromisso assumido na década de 70 e concretizado nos anos 90, quando o mesmo, sem nunca ter visto a futura esposa, pessoalmente, se arruma todo lá nas terras de Cabral e vem aportar em terras tupiniquins para, finalmente, se encontrar com a amada de mais de 200 cartas de confidências. Veio e se casou. Melhor, casaram-se. E, por coisas que só o destino reserva aos que confiam no amanhã, vivem uma história de amor até hoje. Já vi casais felizes, mas, igual a José Manoel e Magda, eu duvido.
Agora vocês podem me perguntar o porquê de ter pensado justamente numa coisa dessas. Explico: um conhecido meu, rapaz educado, conhecedor dos livros e estudioso das coisas materiais, anda maravilhado com a Internet ultimamente, especialmente, as salas de bate papo. Sua euforia se dá pelo fato de ele ter encontrado a sua alma gêmea, a mulher dos seus sonhos, em sucessivas conversas, com a que ele supõe - futura mãe dos seus filhos, nesse ambiente virtual.
E, realmente, o dito cujo está empolgado. É só elogios para a “namorada” e por mais que procure, não encontra nenhum defeito, nada que possa manchar o total de qualidades e virtudes da amada. É claro que uma vantagem da era digital, da informática, da globalização, do mundo virtual, é a pessoa mostrar apenas o seu lado positivo, de qualidades, para só depois, bem mais tarde, mostrar pequenos defeitos e algumas manias.
Quem vai dizer - no início - que é depressivo, tem insônia, sofre de enxaqueca, é mal-humorado, pensa que a terra é quadrada e que os aliens estão entre nós? Ou que é careca, baixinho, estrábico e que anda mancando? Ninguém. Tenho certeza.
A vantagem dessa era é ir dizendo, aos poucos, sem precisar ter que mentir tudo de uma vez. Não duvido que tudo termine bem; que os pombinhos se conheçam pessoalmente e curtam, de verdade, esse romance de sonhos e possam dividi-los na realidade dos seus dias.
Assim como aconteceu há tempos atrás, temos tido exemplos de casais que vivem bem e que se conheceram através da Internet, das salas de bate papo. Uma coisa é certa: ir conhecendo, aos poucos (se não for um sete um), a pessoa com quem está se relacionando é uma forma de acabar conquistando um espaço que, por motivos outros, seria impossível, por exemplo, numa festa, onde o visual é a coisa mais importante.
Saber dos seus costumes, dos seus gostos, ir interagindo com a sua cultura, passar a conhecer seus pensamentos é uma das tantas e infinitas possibilidades que a Internet proporciona, em tempo recorde, diferentemente do tempo das cartas e dos correios aéreos, que, para se conhecer a moça (ou o rapaz) através de uma foto levava, no mínimo, uma semana de prazo, isso quando era em território brasileiro.
No caso especifico da mana, a troca era uma carta por mês. E é claro, a paixão acontecia mais demoradamente, apenas no final da – digamos - centésima quinquagésima nona troca de cartas. Hoje não. Na segunda noite de conversa e tecladas, já se pode sentir o suspiro de ansiedade por parte de ambos. Também! O acúmulo de informações é proporcional ao volume de dados que os pombinhos passam e repassam em seus diálogos.
Por isso, esse meu conhecido está deslumbrado com a possibilidade de ter encontrado a chama ardente da sua alma. Até me falou – além das maravilhas e predicados da moça virtual – que já está pensando em viabilizar o processo de compra de passagens para passar um final de semana em terras que ele antes nunca navegou, melhor dizendo: aterrissar em aeroportos cujas pistas são suas desconhecidas.
Não sei. E também não sei como aconselhá-lo, fazê-lo entender que não precisa se precipitar, o melhor é ir com mais calma, porém, não posso esconder que, proporcionalmente ao tempo, o exemplo em família corresponde exatamente ao que vive o jovem conhecido hoje. E o que posso dizer é que, no caso especifico, é notadamente positivo. Mas, que é esquisito, é.
Estava eu a me perguntar o que leva uma pessoa a se apaixonar por outra sem ao menos conhecê-la. No entanto, recorrendo aos arquivos do passado, folheei páginas de um namoro, acontecido na família, onde a minha irmã mais velha, sem conhecer o pretendido, acabou se apaixonando e se casando vinte anos após.
E olha que eram outros tempos. Tempos das trocas de correspondências, via cartas, em endereços anotados nas páginas de revistas femininas da época, onde os solitários de coração procuravam uma companhia para se corresponderem e, se possível, concretizarem o sonho do casamento. E foi assim, dessa forma que aconteceu: ela viu um endereço de um tal José Manoel, português de Trás dos Montes, na última página de uma revista chamada “Contigo”, onde ele dizia querer se corresponder para futuro compromisso.
E assim se sucedeu: um compromisso assumido na década de 70 e concretizado nos anos 90, quando o mesmo, sem nunca ter visto a futura esposa, pessoalmente, se arruma todo lá nas terras de Cabral e vem aportar em terras tupiniquins para, finalmente, se encontrar com a amada de mais de 200 cartas de confidências. Veio e se casou. Melhor, casaram-se. E, por coisas que só o destino reserva aos que confiam no amanhã, vivem uma história de amor até hoje. Já vi casais felizes, mas, igual a José Manoel e Magda, eu duvido.
Agora vocês podem me perguntar o porquê de ter pensado justamente numa coisa dessas. Explico: um conhecido meu, rapaz educado, conhecedor dos livros e estudioso das coisas materiais, anda maravilhado com a Internet ultimamente, especialmente, as salas de bate papo. Sua euforia se dá pelo fato de ele ter encontrado a sua alma gêmea, a mulher dos seus sonhos, em sucessivas conversas, com a que ele supõe - futura mãe dos seus filhos, nesse ambiente virtual.
E, realmente, o dito cujo está empolgado. É só elogios para a “namorada” e por mais que procure, não encontra nenhum defeito, nada que possa manchar o total de qualidades e virtudes da amada. É claro que uma vantagem da era digital, da informática, da globalização, do mundo virtual, é a pessoa mostrar apenas o seu lado positivo, de qualidades, para só depois, bem mais tarde, mostrar pequenos defeitos e algumas manias.
Quem vai dizer - no início - que é depressivo, tem insônia, sofre de enxaqueca, é mal-humorado, pensa que a terra é quadrada e que os aliens estão entre nós? Ou que é careca, baixinho, estrábico e que anda mancando? Ninguém. Tenho certeza.
A vantagem dessa era é ir dizendo, aos poucos, sem precisar ter que mentir tudo de uma vez. Não duvido que tudo termine bem; que os pombinhos se conheçam pessoalmente e curtam, de verdade, esse romance de sonhos e possam dividi-los na realidade dos seus dias.
Assim como aconteceu há tempos atrás, temos tido exemplos de casais que vivem bem e que se conheceram através da Internet, das salas de bate papo. Uma coisa é certa: ir conhecendo, aos poucos (se não for um sete um), a pessoa com quem está se relacionando é uma forma de acabar conquistando um espaço que, por motivos outros, seria impossível, por exemplo, numa festa, onde o visual é a coisa mais importante.
Saber dos seus costumes, dos seus gostos, ir interagindo com a sua cultura, passar a conhecer seus pensamentos é uma das tantas e infinitas possibilidades que a Internet proporciona, em tempo recorde, diferentemente do tempo das cartas e dos correios aéreos, que, para se conhecer a moça (ou o rapaz) através de uma foto levava, no mínimo, uma semana de prazo, isso quando era em território brasileiro.
No caso especifico da mana, a troca era uma carta por mês. E é claro, a paixão acontecia mais demoradamente, apenas no final da – digamos - centésima quinquagésima nona troca de cartas. Hoje não. Na segunda noite de conversa e tecladas, já se pode sentir o suspiro de ansiedade por parte de ambos. Também! O acúmulo de informações é proporcional ao volume de dados que os pombinhos passam e repassam em seus diálogos.
Por isso, esse meu conhecido está deslumbrado com a possibilidade de ter encontrado a chama ardente da sua alma. Até me falou – além das maravilhas e predicados da moça virtual – que já está pensando em viabilizar o processo de compra de passagens para passar um final de semana em terras que ele antes nunca navegou, melhor dizendo: aterrissar em aeroportos cujas pistas são suas desconhecidas.
Não sei. E também não sei como aconselhá-lo, fazê-lo entender que não precisa se precipitar, o melhor é ir com mais calma, porém, não posso esconder que, proporcionalmente ao tempo, o exemplo em família corresponde exatamente ao que vive o jovem conhecido hoje. E o que posso dizer é que, no caso especifico, é notadamente positivo. Mas, que é esquisito, é.
Obs. Imagem da internet