Aparecida do Norte
Foi numa noite fria de maio. Eu e minha querida Lucy viajamos para São Paulo, para no dia seguinte seguirmos para a cidade de Aparecida do Norte, em nossa viagem de núpcias.
Posamos em São Paulo, num hotel muito bom, perto da Estação do Norte (hoje Estação Roosevelt) pois o trem para Aparecida saia muito cedo, com destino ao Rio de Janeiro, pela Estrada de Ferro Central do Brasil.
Chegamos à Aparecida do Norte por volta das 10:00 horas e fomos nos acomodar no Hotel São José, também muito bom e ocupado por muitos casais em “lua de mel”.
Devo dizer que não havia ônibus direto de Campinas para Aparecida do Norte e, em São Paulo, o último ônibus para Aparecida saia às 18:00 horas. Então, por ser ferroviário e foguista da Cia Mogiana de Estradas de Ferro eu tinha passe com 75% de abatimento nas ferrovias Cia Paulista, Santos a Jundiaí e Central do Brasil.
Assim, com passe emitido em Campinas pudemos viajar nas três ferrovias apenas apresentando minha identidade funcional.
Eu e Lucy ficamos em Aparecida do Norte por cinco dias e conhecemos vários casais que nos contavam de seus casamentos.
O Mário e a Helena me acharam com cara de conselheiro sentimental. Quando nossas esposas foram conversar longe de nós, o Mário me perguntou: “Eu estou mais perdido que cachorro que caiu de caminhão de mudança. A Helena foi minha única namorada e ela também nunca havia namorado. Como é que eu devo proceder?”
Eu disse ao Mário: “Trate-a sempre bem, demonstrando todo o amor que os uniu, e tudo o mais irá se arrumando. Você pensa que sua esposa está se sentindo a vontade? Para a mulher é muito mais difícil”. E ainda eu acrescentei: “Eu acredito que seja normal esta sensação meio confusa, para todos nós que estamos aqui. Estamos estagiando para uma nova vida e acredito que ninguém aqui tem prática no casamento. Como nós que esperamos que seja o primeiro e único enquanto vivermos”.
Eu ainda lhe disse: “Não se apavore que a convivência fará o resto”.
Depois dessa nossa conversa, notei que o Mário estava feliz e pegava nas mãos da Helena publicamente, coisa que ele não fazia antes.
Na quinta feira fomos surpreendidos pelo pessoal do Hotel São José que nos homenagearam com um almoço de despedida, visto que todos os casais estavam se despedindo naquele dia.
Depois do Senhor Homero, dono do Hotel, dizer que agradecia a todos pela escolha de seu estabelecimento num momento tão importante de nossas vidas, eu, encorajado pela Coca-Cola que estava tomando, me levantei e disse:
“Senhor Homero, talvez eu fale em nome de todos. Devemos, também agradecer-lhes pelos bons momentos que passamos em sua casa. Tivemos um tratamento cordial e caseiro e que nos deixou à vontade. E aos meus amigos que estamos começamos uma vida nova quero desejar a todos muitas felicidades e que esta fase áurea do casamento nunca se acabe. Se nos unimos por amor, este mesmo amor irá nos conservar juntos para sempre”.
Quando eu acabei de falar vi que alguns, emocionados, estavam enxugando algumas lágrimas.
E assim, recordamos uma fase maravilhosa.
No dia de hoje, 12 de outubro de 2014, fiz uma humilde poesia em forma de oração.
Senhora Aparecida
Eu caminhava sem rumo
Mas a Senhora entrou
Na minha vida
Eu tinha um monte de voltas
Sem ter uma partida
Sou muito pequeno
Quase inexistente
Mas agora tenho itinerário
Vou enfrentando contente
Todos os embates
Da vida
Com um sentido diferente
Aprendi muito e estou cedendo
Vou doando mais
Que recebendo, muito feliz
Pois assim eu mesmo quis
Graças á Vós, Mãe Querida
Minha Senhora Aparecida
Esta vida é uma escola
E a caridade e amor
Tudo controla
E aquele que mais consola
Suporta melhor sua dor
Neste dia maravilhoso
Estou orgulhoso
De ser Seu filho também
Vós que me deixou ser alguém
Me orientou nesta vida
Viva Senhora Mãe Aparecida.