A CORRUPÇÃO NA EDUCAÇÃO PAULISTA
CORRUPÇÃO NA EDUCAÇÃO PAULISTA
Jorge Linhaça
Muito se tem gritado contra a corrupção que atinge vários escalões dos governos, sejam estes estaduais, municipais ou Federal...no entanto parece-me que as pessoas desconhecem o que seja corrupção e como ela pode funcionar, por vezes camuflada em “prêmios de produtividade”. Isso pode até funcionar em uma linha de produção ou no comércio, com as chamadas “comissões” por venda.
Agora, quando se transfere isso criminosamente para a educação de nossos filhos, as pessoas deveriam pelo menos sentir-se indignadas e clamar por mudanças.
Para mim é inconcebível que pessoas que se dizem “educadores” sucumbam a um prêmio de produtividade que leva em conta algo tão despropositado quanto o número de alunos aprovados nesta ou naquela escola, para auferir um ganho extra ao fim do ano letivo.
Como pode um professor ou diretor de escola viver com a consciência tranquila quando se aprovam alunos sem condições de desenvolver seu senso crítico e mal sabendo interpretar um texto? Essa perversa troca de aprovação compulsória por um abono ocorre no estado de São Paulo.
Será que esses educadores não percebem que se deixam ser corrompidos por uma gratificação que deturpa em um grau ou em outro o seu senso de responsabilidade para com os educandos, fazendo-os voltar-se mais para a gratificação monetária do que para a gratificação inerente a quem descobre poder fazer a diferença na vida das pessoas?
Talvez aí resida justamente a eterna diferença entre professores e educadores, o primeiro professa um curriculo, o segundo procura educar o cidadão.
O pior de tudo isso é que tais profissionais não se deem conta de que formam pessoas sem condições (no mais das vezes) de exercer um pensamento livre e estruturado sobre qualquer assunto, fomentando, dessa maneira, uma massa facilmente manipulável por aqueles que detém o poder, principalmente os que usam e abusam do quarto poder para impôr ideais, ideais e comportamentos.
Uma pessoa que é incapaz de pensar criticamente, por si mesma, se deixa levar por qualquer “palavra de ordem” ou propaganda repetidas incontáveis vezes e apresenta o conhecido comportamento de manada, temeroso de ser excluído de um meio social imerso em vícios e falsas premissas.
Por volta de duas décadas essa é a realidade da educação em São Paulo, não é de se estranhar portanto que a perpetuação no poder, nesse estado, pareça normal e natural, afinal, quantos jovens já não passaram por essa “fábrica de certificados de conclusão” gerenciadas por profissionais que sucumbiram à promiscuidade do sistema e se “adaptaram” para garantir a própria “sobrevivência”.
Reverter tal quadro pernicioso não há de ser tarefa fácil, e com mais quatro anos da mesma política, só podemos esperar que as coisas piorem.