FUTEBOL, TUDO BEM, MAS ELEIÇAÕ NÃO, NÉ?

Como você se sentiria se soubesse que aquele jogo de futebol em que você esteve no estádio, no qual seu time suou frio e te deixou bastante tenso para arrancar a vitória por 1 a 0 fora programado para ser do jeito que foi: tenso, nervoso, suado e vitorioso? Ou senão aquele outro que você torceu para valer para ajudar seu time a ganhar e no entanto ele perdeu os pontos ou conseguiu no máximo arrancar um empatezinho? Ou então aquele que você acometeu-se de ira e de úlcera tentando torcer contra o time que é rival do seu e ao final ele saiu vencedor da partida e era para ser assim, não daria outro resultado nem se um gol contra espírita ocorresse aos 45 minutos do segundo tempo?

Em todas essas situações você torceu em vão, concorda? Gastou um tempo da sua vida torcendo ou dando atenção, quem sabe gastou dinheiro, pode ser que fez inimizades, e foi tudo em vão, certo? E em todos esses casos você usou de toda a sua fé para alcançar o desejo que pretendia, mas contra eventos imaginados e produzidos pelo homem Deus (ou a natureza) não pode. Não é coisa que se espera de Deus intervir as que o homem organiza. Quando a corrupção é demais se gera uma energia negativa que faz com que tragédias naturais ou chuvas torrenciais que impedem o andamento da partida aconteçam, mas é o muito que a natureza pode fazer no caso. Portanto, nem Deus ou a natureza podiam te ajudar em todas essas questões, pois os acontecimentos não seguiam como dados lançados ao acaso e sim obedeciam a um script em que todos os envolvidos na peça teatral fizeram sua parte. O espetáculo seguiu como o roteiro mandava, foi mais emocionante, em vez daquela disputa destemperada que se vê em jogo de várzea. Foi também mais midiático e rendeu todo tipo de notícia antes, durante e depois do embate. O futebol e todo o sistema que o explora sobreviveu.

Seria muito ruim dar de cara com essa realidade, não é mesmo? Pois é, meu leitor, se você ainda põe a mão no fogo para o mundo do futebol, eu já deixei de por a minha há mais de vinte anos. Mas o fato é que é só futebol. Em nada um resultado de uma partida ou a conquista de um título pelo time rival ao que torcemos muda algo em nossas vidas. Continuamos nossa luta pela sobrevivência, tendo que encher a barriga às nossas próprias custas e o bolso com a mesma quantidade de dinheiro que tínhamos antes das partidas se darem. Isso, é claro, para quem não dá um tostão para as bilheterias dos estádios, os pacotes de transmissão pela TV, os ingressos dos bares para assistir aos jogos, para os artigos esportivos vendidos nas lojas específicas e mais outras formas de consumo que o futebol é usado para gerar.

Agora, não é tido o entretenimento como uma arte. Por essa razão não deveria ser manipulado. Deveria correr naturalmente, pois todos acreditam haver uma disputa e se emocionam conforme os resultados. Mais com relação à sorte do que com relação aos levantamentos sobre a qualidade de cada escrete, o que poderia determinar resultados esperados. Rola uma falsidade ideológica ou um estelionato se isso for desse jeito. E eles estão importando com isso? Têm a crença que instituíram no povo na mão. Têm no poder executivo, no legislativo e no judiciário quem os representam. E sempre a gente vê articulações que parecem descrever essa representação. Nunca a mídia é questionada. E outras personagens obscuras dessa instituição também nunca são incomodadas.

E se a mesma coisa acontece com o seu voto? Sim, a mesma teatralização no setor eleitoral. Aí é foda, né? Porque aí já não se trata de uma coisa inútil como é o futebol. Já passa a ser a administração da nossa vida, da nossa sociedade, do nosso presente e do nosso futuro. Você coloca a mão no fogo que tudo o que ocorre nessas eleições são verdades que partem da ação da natureza? Essa manipulação midiática toda? Eu não. Na segunda-feira já poderemos lamentar o que faremos amanhã. Bom voto para você. Se é que alguém tem como votar bem em uma eleição biônica, se assim for.