80 Anos do Pênalti Mais Longo de Pelotas

O pênalti. Diz um dos mais famosos clichês futebolísticos que é tão importante onde até o presidente do clube deveria batê-lo.

Imagine agora essa cena inusitada: um estádio lotado com juiz e bandeirinhas e onde todos aguardam pelo pênalti a ser batido. E não havia nenhuma decisão por pênaltis naquele dia.

Parece surreal, mas isso realmente aconteceu aqui em Pelotas a 80 anos atrás.

1934 foi um ano muito agitado pelo mundo. No Brasil, Getúlio Vargas assumia de fato a presidência constitucional e na Alemanha, Adolf Hitler acabava de concentrar o poder total em suas mãos após a Noite dos Longos Punhais e o falecimento do presidente Hindenburg.

Ali perto, na Itália, a seleção italiana acabara de ganhar a Copa do Mundo de futebol que foi marcada pela constante intervenção do fascismo, representada pelo seu líder Benito Mussolini.

E aqui em Pelotas, o campeonato citadino daquele ano era disputado com ardor pelos clubes locais com todos buscando o tão sonhado título.

O Farroupilha (então chamado 9º Regimento de Infantaria) e o Pelotas logo se destacaram de todas as outras equipes no campeonato e toda a cidade, especialmente os torcedores das duas equipes, aguardava ansiosamente esse duelo.

A 15 de Setembro, o jogo foi realizado na Boca do Lobo (então chamada de Estádio da Avenida Bento Gonçalves). Parecia um jogo como tantos outros, eletrizante e emocionante a cada jogada de ambos os lados.

Cardeal estava numa jornada irrepreensível ao marcar os dois gols que dariam a vitória ao time do Regimento.

Foi então que a história começou a ser escrita. No último lance do jogo, Celistro cometeu um pênalti desnecessário e o juiz preparava-se para marcar a infração. Porém, naqueles tempos, havia a figura do cronometrista que deu por encerrada a partida um pouco antes da hora.

Nesse instante, os torcedores das duas equipes invadiram o campo e o jogo foi suspenso até resolver esse impasse que se seguiu.

E uma pergunta ecoou por toda a cidade: o pênalti deveria ser batido ou não?

Alguns dias depois, a Liga Pelotense determinou que o pênalti seria mesmo batido e marcou para 30 de Setembro a data da cobrança.

Na cidade, não se falava outra coisa a não ser o “Caso do Pênalti” e todos aguardavam com entusiasmo o desfecho dessa história.

Veio então o grande dia. O estádio estava praticamente lotado com todos querendo ver a dita cobrança de pênalti.

De um lado, o ponteiro do Pelotas João Pedro, conhecido como o “Canhão Pelotense” devido ao chute potente que tinha e do outro, havia o goleiro Brandão, um dos destaques da equipe do Regimento.

O vento soprava levemente no estádio e em todos os cantos, os torcedores prendiam a respiração.

E para aumentar ainda mais a expectativa, o vento soprou a bola para fora da marca de cal e João Pedro arrumou a bola pra bater. Brandão saiu rápido do gol e foi cumprimentar o ponteiro pelo gesto.

Então João Pedro correu, soltou a bomba e Brandão defendeu magistralmente, garantindo a vitória e abrindo o caminho para o título citadino que o Regimento ganharia no final daquele ano, o primeiro título citadino de sua história.

E assim, o “Caso do Pênalti” como ficou conhecido esse episódio, entrou para a história como um dos acontecimentos mais pitorescos do futebol pelotense, brasileiro e mundial.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 25/10/2014
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