Em tempos eleitorais...
Queria dizer em poucas palavras do sentimento que me invade... criar um neologismo talvez, que representasse a gama de sensações que perpassam meu sentir nesse período. Não encontro... então, deixarei o verbo fluir naturalmente.
Tenho encontrado pessoas de diferentes bairros/cidades/estados, etnias, idades, condições econômicas, formação educacional e profissional, capacidade de dialogar, e porque não dizer, diferentes humores... Essa convivência tem me levado a um crescimento imensurável e a possibilidade de vivenciar emoções indescritíveis... é um perolizar-se coletivamente, eu diria.
Outro dia encontrei o Sr. Júlio, um senhor de classe média alta, profissional liberal aposentado. Sr. Júlio fez questão que eu escrevesse uma lista das mudanças ocorridas no país desde o governo Lula, comparando-as com a era FHC. Relembrou o preço do arroz, do feijão, do combustível e, inclusive que a CPMF a qual dava suporte para aplicação na saúde, fora cortada logo após a vitória de Lula. Nessa mesma linha, encontrei o Sr. Cerilo, senhor de meia idade, construtor de obras, que lembra a escassez de trabalho e até o valor do saco de cimento, no início do governo Lula e o que ocorre hoje, quando não consegue atender metade das demandas que lhe chegam, em função da quantidade de construções por todo o país...
Também encontrei D. Joana e Sr. Dedé, semi-analfabetos, ambos em auxílio saúde pelo INSS, com sérias dificuldades de saúde, mas senhores de uma excepcional capacidade de fazer a leitura da conjuntura político-econômica e social do país, pessoas encantadoras... embaixo das árvores em frente sua casa, recebi uma aula de como sobreviver-se com o Salário Mínimo antes e depois de Lula.
Os encontros casuais, ou não, acrescentam sempre...
Num entardecer desses, encontrei dona Elfrida, uma senhora batalhadora, síndica de um condomínio "Minha Casa, Minha Vida." Alegre, acolhedora e muito propositiva em suas colocações: "eu sou muito agradecida por finalmente, ter parado de pagar aluguel e ter conseguido meu apartamento, mas não concordo com essa tal Bolsa Família, porque tem muita gente que não precisa, não trabalha e fica se beneficiando..." Ouvimos atentamente e, na roda de conversa, fomos dialogando. Perguntei-lhe: a senhora tem visto crianças pedintes na rua? A senhora tem visto crianças fora da escola? Outras senhoras também entraram na conversa, uma amiga e companheira, emocionada, iniciou a contar por duas vezes a mesma história e as lágrimas, entrecortavam sua voz, até que conseguiu contar-nos que à tarde ao conversar com uma mãe de um bairro muito pobre, ouvira desta mãe: "eu vou votar na Dona Dilma, porque graças a ela, nossos filhos não estão mais passando fome e estão até ficando gordinhos." Outra companheira, comentou: "pois é, e a senhora sabia que o Brasil até saiu do mapa mundial da fome?" Então, é ficar atento e denunciar as irregularidades...
Outro encontro muito marcante, porque interessante todos são, foi com um senhor entrevistador de uma rádio local, que ao tomar conhecimento dos programas desenvolvidos pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, encantou-se de tal maneira, que não apenas se dispôs, como passou efetivamente, a fazer a divulgação do que Tarso Genro através da parceria com o MEC, tem investido na Educação Pública e passou ele próprio a fazer contatos e relatos sobre o Mais Educação, o Ensino Médio Inovador, o Mais Cultura, o Atleta na Escola, Escola Sustentável, Orquestra na Escola, PNAIC, PNEM, PRONATEC, PROUNI entre outros...
Ah, mas também encontrei uma amiga, classe social alta, que atribuiu-me como pior defeito, ser do PT, ao que lhe respondi: "Que fazer, tu és elite e eu sou pobre, sou trabalhadora." Debochadamente, disse-me: "É, mas tu foi para a Europa!" Ah, entendi tudo e lhe respondi: "Pois é, eis aí o maior problema, vocês da elite, não suportam ver pobres viajando, isso era coisa impossível antes de Lula!" Tristemente constata-se a raivosidade e o anti-petismo fruto desse apartheid social que a elite não consegue mais disfarçar, para onde isso vai nos levar, não sei...
Mas, também conversei com jovens bem humoradas... hoje ao anoitecer, repentinamente, duas jovens adentraram o Comitê Suprapartidário e pediram para tirar fotos com imagens de Dilma. Curiosa perguntei quem eram as duas jovens. Para surpresa dos presentes, tratavam-se de duas atrizes de teatro que amanhã farão a Peça Teatral "Labirinto", no Colégio Notre Dame. Oh, artistas tudo bem com atitudes meio malucas... artistas em sua maioria, são irreverentes mesmo. Ocorre que a conversa não parou por aí, elas estavam a fim de conversar e, foram nos relatando fatos vivenciados por aqui. Admiradas com a conjuntura local, nos contaram que surpreenderam-se com a pergunta da manicure: "Acho que o Aécio vai ganhar, vocês não acham?" Surpresas, responderam: "Tomara que não!" Então, perguntaram à manicure: "Mas, afinal, por que você acha que deve ganhar o Aécio e não a Dilma?" A resposta da moça, deixou as artistas cariocas impactadas: "Ah, é que se a Dilma ganhar novamente, os pobres vão acabar todos virando classe média!"
Dá para entender?
Como diz Moacir Gadotti, cheio de razão: "Pior do que os tiranos, são os tiranetes..." Não temos uma bola de cristal para prever o resultado, tampouco temos a pretensão de ser "os puros contra os impuros", mas daí a lutarmos contra nós mesmos... é muita falta de politização!
Enquanto isso, seguimos aprendendo com os seus Júlio, Dedé, locutor, as donas Joana , Elfrida, com as amigas ricas, as artistas cariocas e as manicures nossas de cada dia...
(Nomes fictícios a fim de preservar a identidade dos mesmos; na foto conosco, as atrizes da Companhia de Teatro Alfândega 88).
Queria dizer em poucas palavras do sentimento que me invade... criar um neologismo talvez, que representasse a gama de sensações que perpassam meu sentir nesse período. Não encontro... então, deixarei o verbo fluir naturalmente.
Tenho encontrado pessoas de diferentes bairros/cidades/estados, etnias, idades, condições econômicas, formação educacional e profissional, capacidade de dialogar, e porque não dizer, diferentes humores... Essa convivência tem me levado a um crescimento imensurável e a possibilidade de vivenciar emoções indescritíveis... é um perolizar-se coletivamente, eu diria.
Outro dia encontrei o Sr. Júlio, um senhor de classe média alta, profissional liberal aposentado. Sr. Júlio fez questão que eu escrevesse uma lista das mudanças ocorridas no país desde o governo Lula, comparando-as com a era FHC. Relembrou o preço do arroz, do feijão, do combustível e, inclusive que a CPMF a qual dava suporte para aplicação na saúde, fora cortada logo após a vitória de Lula. Nessa mesma linha, encontrei o Sr. Cerilo, senhor de meia idade, construtor de obras, que lembra a escassez de trabalho e até o valor do saco de cimento, no início do governo Lula e o que ocorre hoje, quando não consegue atender metade das demandas que lhe chegam, em função da quantidade de construções por todo o país...
Também encontrei D. Joana e Sr. Dedé, semi-analfabetos, ambos em auxílio saúde pelo INSS, com sérias dificuldades de saúde, mas senhores de uma excepcional capacidade de fazer a leitura da conjuntura político-econômica e social do país, pessoas encantadoras... embaixo das árvores em frente sua casa, recebi uma aula de como sobreviver-se com o Salário Mínimo antes e depois de Lula.
Os encontros casuais, ou não, acrescentam sempre...
Num entardecer desses, encontrei dona Elfrida, uma senhora batalhadora, síndica de um condomínio "Minha Casa, Minha Vida." Alegre, acolhedora e muito propositiva em suas colocações: "eu sou muito agradecida por finalmente, ter parado de pagar aluguel e ter conseguido meu apartamento, mas não concordo com essa tal Bolsa Família, porque tem muita gente que não precisa, não trabalha e fica se beneficiando..." Ouvimos atentamente e, na roda de conversa, fomos dialogando. Perguntei-lhe: a senhora tem visto crianças pedintes na rua? A senhora tem visto crianças fora da escola? Outras senhoras também entraram na conversa, uma amiga e companheira, emocionada, iniciou a contar por duas vezes a mesma história e as lágrimas, entrecortavam sua voz, até que conseguiu contar-nos que à tarde ao conversar com uma mãe de um bairro muito pobre, ouvira desta mãe: "eu vou votar na Dona Dilma, porque graças a ela, nossos filhos não estão mais passando fome e estão até ficando gordinhos." Outra companheira, comentou: "pois é, e a senhora sabia que o Brasil até saiu do mapa mundial da fome?" Então, é ficar atento e denunciar as irregularidades...
Outro encontro muito marcante, porque interessante todos são, foi com um senhor entrevistador de uma rádio local, que ao tomar conhecimento dos programas desenvolvidos pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, encantou-se de tal maneira, que não apenas se dispôs, como passou efetivamente, a fazer a divulgação do que Tarso Genro através da parceria com o MEC, tem investido na Educação Pública e passou ele próprio a fazer contatos e relatos sobre o Mais Educação, o Ensino Médio Inovador, o Mais Cultura, o Atleta na Escola, Escola Sustentável, Orquestra na Escola, PNAIC, PNEM, PRONATEC, PROUNI entre outros...
Ah, mas também encontrei uma amiga, classe social alta, que atribuiu-me como pior defeito, ser do PT, ao que lhe respondi: "Que fazer, tu és elite e eu sou pobre, sou trabalhadora." Debochadamente, disse-me: "É, mas tu foi para a Europa!" Ah, entendi tudo e lhe respondi: "Pois é, eis aí o maior problema, vocês da elite, não suportam ver pobres viajando, isso era coisa impossível antes de Lula!" Tristemente constata-se a raivosidade e o anti-petismo fruto desse apartheid social que a elite não consegue mais disfarçar, para onde isso vai nos levar, não sei...
Mas, também conversei com jovens bem humoradas... hoje ao anoitecer, repentinamente, duas jovens adentraram o Comitê Suprapartidário e pediram para tirar fotos com imagens de Dilma. Curiosa perguntei quem eram as duas jovens. Para surpresa dos presentes, tratavam-se de duas atrizes de teatro que amanhã farão a Peça Teatral "Labirinto", no Colégio Notre Dame. Oh, artistas tudo bem com atitudes meio malucas... artistas em sua maioria, são irreverentes mesmo. Ocorre que a conversa não parou por aí, elas estavam a fim de conversar e, foram nos relatando fatos vivenciados por aqui. Admiradas com a conjuntura local, nos contaram que surpreenderam-se com a pergunta da manicure: "Acho que o Aécio vai ganhar, vocês não acham?" Surpresas, responderam: "Tomara que não!" Então, perguntaram à manicure: "Mas, afinal, por que você acha que deve ganhar o Aécio e não a Dilma?" A resposta da moça, deixou as artistas cariocas impactadas: "Ah, é que se a Dilma ganhar novamente, os pobres vão acabar todos virando classe média!"
Dá para entender?
Como diz Moacir Gadotti, cheio de razão: "Pior do que os tiranos, são os tiranetes..." Não temos uma bola de cristal para prever o resultado, tampouco temos a pretensão de ser "os puros contra os impuros", mas daí a lutarmos contra nós mesmos... é muita falta de politização!
Enquanto isso, seguimos aprendendo com os seus Júlio, Dedé, locutor, as donas Joana , Elfrida, com as amigas ricas, as artistas cariocas e as manicures nossas de cada dia...
(Nomes fictícios a fim de preservar a identidade dos mesmos; na foto conosco, as atrizes da Companhia de Teatro Alfândega 88).