ESCRITOR
Segundo o grande José Saramago, "todos somos escritores, só que alguns escrevem e outros nao." Um pensamento que define com absoluta propriedade, o que muitos de nós faz aqui nesse espaço. O que nos motiva a fazê-lo é o que, certamente, nos diferencia e também nesse aspecto, essa pluralidade torna ainda mais encantadora a leitura desses materiais que são publicados em profusão.
Antes do advento da internet, escrevíamos e guardávamos em uma pasta qualquer e, eventualmente, mostrávamos a um ou outro amigo algo que, no meu caso, pelo menos, era raríssimo pois que, lamentavelmente, o hábito da leitura é algo que "ainda não vingou" e me lembro bem que tinha mesmo, quando menino, algum pudor... vergonha de mostrar o "meu trabalho" e quando o fazia pedia segredo, pois que se a turma da classe soubesse, passaria a fazer chacotas ; a me chamar de CDF e essas coisas. Hoje, seria o tal bullying algo que, também naquela altura, não se falava. Muita modernidade !!!!
Escrevemos sobre o que outros escrevem, sobre o que gostaríamos de ver escrito, sobre um assunto do momento e, longe do glamour dos escritores profissionais de sucesso, mais comumente, sobre o que sentimos; alguns de maneira anônima e outros, de cara lavada mesmo! São pensamentos, músicas, amores passados, presente e futuro... imaginados !
Recurso utilíssimo para os tímidos, o exercício da escrita dá-lhes liberdade de expressão, estimulando-os à se expressarem sem os naturais receios de serem criticados, colocando para fora, como se costuma dizer, o que os incomoda, os anima, os realiza e, assim, os confortando.
É também remédio poderoso no combate à depressão, pois que o pode fazer mesmo aquele que, tomado por esse mal, refugia-se em algum canto, fugindo do contato com as pessoas. Clarice Lispector tem uma frase que diz: "Minhas desiquilibradas palavras são o luxo do meu silêncio". Esse mesmo silêncio que pertence aos que, por alguma razão, expressam-se melhor escrevendo, retratada também por essa dicotomia falar-calar que, algumas vezes, nos pode enlouquecer.
Portanto, na "saúde e na doença, na riqueza e na pobreza", escrevamos! O máximo que nos poderá acontecer é ... adquirir o hábito; nos viciar nesse exercício permanente de dar cores vivas aos sentimentos que pululam no recôndito de nossos corações e mentes.