Entre a ciência e a fé
Creio que desde o inicio do pensamento humano nos dividimos entre a ciência e a fé, como se houvesse uma linha virtual, porém absolutamente forte, que separasse as duas sensações do homem. De cada um dos lados formou-se um exército de defensores públicos desses princípios, embora aqui com meus botões, reconheça a supremacia relativa da ciência pela evidência dos fatos concretos sobre a também duvidosa cegueira da crença. Com o passar do tempo, a ciência vem sucessivamente fazendo seus progressos revelando coisas que não passariam de crendice antes, no entanto isso, oficialmente, não os demove da posição que seus princípios nortearam. Quando falei em defensores públicos dos princípios de cada grupo foi porque, na verdade, as opiniões pessoais dos indivíduos que os constituem devem fazer imersões secretas na vertente oposta e é possível que não as revele para não comprometer a imagem que considera preponderante e certamente construída à duras penas. Uma das afirmações mais frequentes dos “científicos” é a de que tudo pode ser cientificamente explicado, isso, por mais complexa que viesse a ser a explicação diante de fatos igualmente incomuns. Também se ouve que a simplicidade das crendices é um caminho curto com quase um traço de leviandade no trato com os pontos que normalmente mexem com os destinos alheios. É possível que seja muito melhor fazer pensar que apenas fazer sentir sem o comprometimento da prova. Entretanto, considerando que as conclusões científicas ainda estariam a milênios de pretensões nem sonhadas concluiria que a fé é “um buraco de minhoca” entre a pequenez do mundo que vivemos e outro, incomensurável, aonde esta ponte chamada fé pode levar. Logo, a ciência, maravilhosa que é, pode ser uma molécula de um dos tijolos do muro chinês do conhecimento contemplado do alto pelos crentes.