NÃO VACILE, DILMA ROUSSEFF
Saíam do prédio de uma empresa onde haviam participado de um processo seletivo três pessoas. Um homem e duas mulheres, todos acima dos trinta e cinco anos. Iam juntos procurar o ponto onde parava o ônibus que os levariam de volta para o centro da cidade. Se conheceram naquele dia. O rapaz era formado em Ciência da Computação e as duas mulheres em Direito. Do processo a uma vaga de operador de telemarketing que pagaria mensalmente setecentos e cinquenta reais por mês pelo trabalho e mais comissão e alguns benefícios eles iam embora com o rabo entre as pernas. Apenas o ego ficara bem massageado, já que ouviram do recrutador que eles foram muito bem nos testes, que possuem ótimos perfis, que são merecedores de vagas melhores do que a que disputavam na empresa e que serão eles contatados caso uma dessas aparecesse.
No caminho, o rapaz dizia que elogios ao seu perfil não enchem barriga e que ele ouvia o que ouviram os três havia três anos. Não fosse o instável mercado informal para lhe servir de porto algumas vezes ele já estaria mendigando ou feito coisa pior. Estava ele super arrependido de ter gastado dinheiro e tempo com sua formação acadêmica. As moças diziam que apenas queriam continuar a levar a vida dignamente, tendo dinheiro para pagar o básico para se sustentar. Não era pedir muito: voltar a trabalhar com a carteira assinada, não importava a ocupação ou o salário. Uma delas tinha filhos que sustentava sozinha.
O rapaz também comentou que ele vinha tentando fazer cursos gratuitos que ensinam ofícios módicos e que possuem oportunidades em abundância no mercado, muitos dos quais estendem a trabalhadores sem limite de idade, priorizando, até, os mais velhos em alguns deles. Por estar a perigo financeiramente é que vinha optando por fazer gratuitamente os cursos. Aproveitava ele o programa do Governo: Pronatec. Que além de dar direito ao brasileiro desempregado de receber as aulas e o certificado de formação profissional, oferece para os interessados ajuda de custo para a locomoção até o local do ensino. No entanto, contava ele, o Pronatec, para decidir as vagas entre a quantidade sempre superior de inscritos, usava de alguns métodos que o desclassificava sempre. Um deles era a análise do curriculum profissional. Os analistas sempre consideravam mais merecedores da oportunidade aqueles que ainda não obtiveram o primeiro emprego ou que necessitavam de qualificação profissional. Isso deixava o administrador de T.I. bastante aborrecido e descrente quanto ao seu futuro. Que não passaria de um eleitor que vive às custas da família ou dos amigos para não passar muita privação. E ele só queria mudar de ramo para conseguir oportunidades.
Caso a candidata Dilma Roussef, que esteve à frente da criação e da implantação do programa de capacitação profissional do Governo, ganhe as eleições, uma das bandeiras dela é ampliar o Pronatec. Porém, a propaganda que se vê é que este receberá uma especificação para o jovem aprendiz. Este texto funciona como um serviço que visa alertar os políticos que estão por trás do projeto mencionado. O mercado de trabalho brasileiro possui um contingente que talvez o Governo desconhece ou o ignora, que é o trabalhador que perdeu seu emprego, não importando o motivo, e se encontra com dificuldade para ser recolocado. Ora por causa da idade (não vamos ignorar que esse preconceito existe), ora por causa da saturação ou do obsoletismo devido ao excesso de automação e informatização das atividades (Fator de empobrecimento da sociedade que em países socialistas não acontece. Achava que esses países pararam no tempo ou que são atrasados porque não evoluíram tecnologicamente, não achava? Mas não é não, é proteção que o sistema faz contra a fúria do capitalismo, que na ânsia de produzir mais gastando menos para ganhar mais lucro, põe máquinas no lugar de homens sem dó e rouba o emprego das famílias.).
O Governo deveria dar atenção para essa massa, fazendo do Pronatec uma opção para que seu contingente, se preferir, possa fazer cursos para trocar de ocupação e criando um programa que desse incentivo para as empresas que empregassem pessoas que estão há muito tempo fora do mercado formal ou que já estejam com a idade avançada. Assim estaríamos falando de preocupação governamental para com o social e não só de assédio eleitoral, que é o que penso que faz o PSDB e também o PT nessa corrida pela presidência do país.
Aproveite, Dilma, que você está com a vantagem de ter o povo carente ganhado obras nesses doze anos de governo esquerdista e aperfeiçoe alguns sistemas.