Dia do Nó - crônicas do serviço público
É uma comemoração controvertida o aniversário.
Diria que este é o dia que comemoramos o nó do umbigo, ventil (o mesmo que válvula) original por onde nos deram o primeiro sopro de vida, efêmera, que compartilhamos vorazmente.
Assim, a cada ciclo relembramos o dia do nó.
Esse hábito remonta a tempos antigos, antes mesmo da era cristã. Passou suas diferentes fases: Velinhas, bolo, flores, presentes, beijos abraços, cantigas... os antropólogos ainda pesquisam para determinar como tudo começou e porquê.
Tenho uma teoria. Acredito que, historicamente, a recordação traumática pela dor parietal, leva a parte materna a relembrar ciclicamente o nascimento.
A maioria dos seres humanos, nascidos, deram certo, ou atenderam às expectativas, o que resulta em um conjunto de lembranças no universo amostral, positivo.
Portanto, não pela tristeza, ou pela negação, pois mesmo antes do costumas hábito da comemoração natalícia está, inexplicavelmente, o amor maternal, incondicional, que afirmam se inicia com a concepção, está a origem do controverso dia. Acredito que se estabelece um laço entre criação e criatura materializado no nascimento, quando um só passa a ser dois. Reconhecidos, dali em diante, que um vem do outro, desaguam nesse costume cíclico, pós moderno, de comemoração natalícia, como a concretizar a intenção de eterno retorno.
Tudo isso pelo lado materno, pois o paterno... o reconhecimento de sua participação na simbiose é recente, e sua função além da concepção está relegada a... voltamos ao aniversário.
O Dia do aniversário é bastante concorrido além de emocionante. Essa emoção concentrada, dependendo da idade e do organismo que a experimenta é motivo para desconforto. Essas emoções, somadas as atividades concentradas que retiram o indivíduo da rotina causa-lhe o que podemos chamar de stress emocional.
A vida moderna, com o dia-dia tensionado pelo trabalho, pela rotina, já é por si só estressante. Acrescente o desgaste emocional provocado pelo dia comemorativo, levará o indivíduo inexoravelmente a perda do equilíbrio e uma consequente degeneração de sua imunidade biológica.
O dia seguinte é que são outras. Com imunidade abalada arrastam o indivíduo ao colapso.
No início da manhã seguinte se vai o pobre, com doces pela goela, indisposição alimentar, enxaqueca, várias "tites" (laringite, otite, flebite, gengivites...), na busca desesperada de drogas e chás para recolocar o organismo no antigo equilíbrio, do qual foi retirado por desavisados que não conseguem perceber o desgaste emocional do aniversariante.
Por isso, não mais do que isso, defendo que todo indivíduo, no dia de seu aniversário esteja dispensado das atividades rotineiras, incluindo-se o seu trabalho profissional, ficando inteiramente a disposição, naquele dia, para sofrer com, e somente com, o stress emocional decorrente das comemorações e inúmeras declarações emocionadas, que retiram o cidadão do prumo.
É caso de saúde pública!!!!