BRIGA DE TORCIDAS

Os jornais noticiaram que no domingo passado, dia 19 de outubro, perto do meio dia, aconteceu mais uma briga de torcedores de futebol, com saldo de vários veículos depredados, algumas pessoas feridas e um morto.

A imprensa, a polícia e a sociedade de modo geral expressaram sua indignação com o fato que, no meu entender, nada tem de anormal porque como qualquer outro animal, o ser humano é territorialista e vê no diferente o inimigo potencial que deve ser eliminado.

Não importa que estejamos no século XXI, não importa que moremos em apartamentos de grandes cidades, não importa nosso grau de instrução nem muito menos nossas convicções religiosas. Em sendo desprezados os excessos, na média, somos todos guerreiros.

A história da humanidade está repleta de exemplos de conquistadores, que guiados pela ambição, pelo amor ou pela fé, invadiram, saquearam, ensejaram verdadeiras carnificinas e são, ainda hoje, honrados, dignificados e festejados como heróis nas grandes obras da literatura universal.

Quase todas as religiões festejam seus deuses da guerra, como Odin (nórdico), Javé (judeu), Alá (muçulmano), Montu (egípcio), Pytajovái (tupi-guarani), Scanda ou Cartiqueia (védico), Ogum (africano), Indra (hindu), Ares (grego), Marte (romano), Huitzlopochtli (asteca), Ajbit (maia) ...

Os desenhos animados, revistas em quadrinhos e jogos eletrônicos são combustíveis para manter acesa a chama do conquistador que há em cada um de nós.

O jogo, seja ele qual for e em especial o futebol, nada mais é do que a representação de uma batalha, cujo empate é, muitas vezes, considerado como derrota. No xadrez, talvez o mais nobre dos jogos, o objetivo é matar o rei oponente.

O torcedor de futebol é identificado por todos, sejam adversários ou não, como o 12º jogador. Então, quanto menor for o número de torcedores em campo, maior a probabilidade de derrotar o time adversário.

Esse comportamento é sem dúvida uma selvageria, mas as brigas de torcidas estão perfeitamente dentro do padrão de comportamento da nossa espécie. Assim como devemos considerar que esses “selvagens” são aquelas crianças que foram criadas sem alguém que lhes desse limites, sem a educação doméstica que lhes colocaria dentro dos limites aceitáveis para a vida em sociedade.

São daquelas crianças cujas mães, quando existentes têm a insensatez de dizer “eu não posso com esse menino” ou “quando seu pai chegar, você vai ver, viu?”