A grande desilusão de Papai Noel (Republicação)
Desde o ano de 2004 venho utilizando-me da condição de escritor para tentar sensibilizar as autoridades governamentais, no sentido de tomarem providências que, por certo, proporcionariam melhor qualidade de vida ao povo brasileiro. Por isso, venho redigindo no mês de dezembro uma carta aberta a Papai Noel aonde constam inúmeros pedidos formulados individualmente, após esclarecer-lhe que sempre me encontro em situação de total incredulidade, ficando na expectativa de seu presente.
Passados sete anos, recebi de Papai Noel uma correspondência na qual o remetente, demonstrando desânimo, respondeu a cada pedido, justificando a impossibilidade de atendimento, fazendo-me desesperado e desprovido de esperança.
A guisa de informação, transcrevo a seguir o teor da carta “a mim dirigida” pelo simpático velhinho.
Ao cidadão brasileiro Demarcy de Freitas Lobato.
Reportando-me à sua carta aberta, publicada no site Recanto das Letras e no Jornal Folha Democrática venho, também triste, desanimado, inconsolável e cético, informar-lhe que, apesar dos esforços envidados não obtive sucesso no deferimento de seus diversos pedidos, devido às razões abaixo mencionadas:
1- A todos os políticos corruptos, ofereci meus argumentos no que concerne à necessidade de darem um fim a essa prática danosa, mas, infelizmente, procederam a deboches, afirmando que Papai Noel não existe e acrescentando que continuarão nessa empreitada maléfica, uma vez que as penalidades a eles aplicadas são meramente paliativas.
2- No caso que trata do melhor atendimento do SUS aos necessitados, também não obtive êxito, porquanto ao passar de trenó por todos os hospitais dos municípios bem como os da rede estadual, vários diretores não me deram a necessária atenção, talvez envergonhados,pela absoluta ausência de estrutura básica, sendo unânimes em afirmar, em sua maioria, que faltam remédios, leitos, médicos, equipamentos especializados etc.sugerindo-me que fizesse”vista grossa”e completo sigilo.
3- Quanto a atual presidente da República, lamento explicar que a sua insatisfação foi evidente, pois ao comprovar a deslealdade de pessoas, de sua inteira confiança, viu-se traída, obrigando-a a exonerar seis ministros, os quais foram por ela empossados.
4- No que tange à Justiça dos homens, afirmo-lhe que não consegui demover o espírito de desorganização decorrente da ausência de competência e de mão-de-obra especializada, resultando no acúmulo de milhares de processos, sem uma solução.
5- O mais preocupante, entretanto, acontece em todo o mundo, ou seja, a constatação da miséria, da fome, da guerra, da falta de solidariedade, ensejando imaginar que a injúria, a falácia e a ganância, enquanto se fizerem presentes, não permitirão ao ser humano aceitar com dignidade a minha presença nos lares daqueles que realmente precisam.
Atenciosamente,
Papai Noel
(Republicação)