O valor da lembrança
Sutil, a lembrança é uma informação vivenciada por cada um e, uma consequência neste tempo dos códigos em que a informação passa a ser a maior referência da medida temporal, ela, chega num ritmo acelerado proporcionado pelas inovações tecnológicas. Nesta mesma velocidade, o esquecimento transita, portanto, gerir esse mundo de informações tendo como objeto de consulta e fonte de pesquisa, a nossa lembrança (diferente de nostalgia, aquela lembrança doída) se faz necessário muitas vezes!
Procurar nos escaninhos da lembrança é ter a memória forte aliada num processo de retenção de informações, nos quais, as nossas experiências ali arquivadas podem ser recuperadas, assim que queremos, então, o abecedário colorido enrolado nas paredes brancas, o corredor levando para as salas (algumas, como a de Ciência repleta de mistérios), o piso brilhante, as carteiras lustrosas, o uniforme repleto do perfume materno, o cheiro do livro aberto pela primeira vez, as mãos envoltas num carinho muito além do pedagógico...., não são esquecidas!
Sem fazer esforço busque na sua lembrança a sua primeira professora..., lembrou! Não fique somente no impacto surpreendente de ver o rosto desta professora, busque mais, não tenha medo de penetrar num terreno pantanoso, isto não vai acontecer, busque os rostos dos seus professores. De repente, sem interrupção, todos estarão juntinhos de você! Imagens, expressões e conhecimentos adquiridos anteriormente, o reportam aos seus “Mestres”. Se alguma nostalgia vier a galope acompanhada da dor de não poder contar com a presença física de alguns deles, não chore, lembre-se de todas as dificuldades passadas por cada um deles, mesmo assim..., o amor e o orgulho pela profissão foram maior, graças à dedicação, cada um pode perceber que, ser educador vai além das quatro paredes, e o saber sem dúvida alguma, excede o ensino da leitura e da escrita.
Vemos os candidatos à presidência nos seus discursos considerar a educação uma das áreas prioritárias para o desenvolvimento do Brasil, eles falam de programas amplos e difíceis de serem cumpridos, além de apresentarem frases e idéias genéricas, temo por mais um longo período de debates a procura das alternativas para melhorar a educação num ritmo ineficaz para a melhoria dos indicadores educacionais brasileiros, ainda tão vergonhosos.
A revista britânica "The Economist" publicou uma matéria sobre a situação da educação no Brasil, no texto foi feita uma analise sobre os indicadores educacionais brasileiros empreendidos pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Organização das Nações Unidas), para os ingleses, saímos de uma situação "desastrosa" para "muito ruim" e teremos grande dificuldade para chegar a uma situação mediana. Agora, me veio um pensamento do poeta persa Abu Shakur sobre as considerações escritas nesta crônica-homenagem aos ”Professores”, a partir da rememoração feita por cada um de nós: “Talvez o tempo te ponha na sua escola, pois não terás melhor professor que ele.”!
Ana Marly de Oliveira Jacobino é Coordenadora do Sarau Literário Piracicabano
#Artigo publicado na Gazeta de Piracicaba em 18 de Outubro de 2014