A vida começa aos 60
O AMOR COMEÇA AOS 60
A sombra DO SOL DO MEIO DIA cortou ao meio, a exatidão do relógio do tempo. Já se passara bastante tempo desde que eu percebi pela primeira vez, o movimento imperceptível desse fenômeno, assim, como aqueles que sentimos, quando nos aprofundamos no quadro real da existência e pintamos telas belas e outras não, com os matizes é que traçamos mapas e estradas que nos levam: ao passado, onde quase fomos felizes, o presente onde ficamos quase sempre aguardando, por algo que aconteça independente de nossos esforços, mas que seja a nossa vontade... Ou, de um futuro sombrio, que tem tudo para ser claro, belo e feliz, mas que não temos sequer coragem de ir mais avante, de querer com a força de todos os amores que amamos, que desperto, desaprendeu de caminhar, de correr ou voar por entre mundos, para finalmente encontrar...
Não sei se somos covardes ao extremo, ou acomodados demais, ou talvez temamos que nos roubem a paz, porque nos acostumamos com a calmaria dos mares e ventos, ou a parcimônia do destino nos induziu à supremacia silenciosa do tempo, nos negando até mesmo das interrogações engasgadas na garganta, por medo da resposta, por vergonha ou medo de declara-las, quando muitos gostariam de ouvi-las, enquanto acumulamos somas de números e anos, assistindo o calendário findando, anos morrendo e outros nascendo, e nós? O que estamos fazendo de nossas vidas? O que representa essa fuga de nos mesmos? O que será essa reprimenda que se nos impomos, a corpos solitários, corações ansiosos, bocas sedentas de beijos e almas que se querem... E nós! O que estamos fazendo, esperando: um milagre, que alguém tenha uma ideia maravilhosa e promova um baile só para nós, e que seja a festa do encontro, que não seja interminável assim como é o tempo, mas que no final, todos nós que estamos sós e esperando há tanto tempo um pelo outro, nos encontremos finalmente, e abraçados, saiamos da festa para uma nova vida, só, que agora juntos e dizer uníssono: O Amor começa aos 60...