O Grande baile dos loucos

Era noite em algum lugar perdido entre a felicidade e a angustia. Chovia sem parar. Trovões ensaiavam alucinados acordes de Highway To Hell numa sinfonia ensurdecedora, capaz de dar um sorriso em qualquer morador da esquina do mau-humor a mais de um milhão de Quilômetros

Ali por perto, numa pequena ruazinha feita de casas simples, ficava o grande centro de Loucos, uma clinica para doentes mentais com vista lateral para o mar, especializada em tratar todos os tipos de esquizofrenias, bipolaridades e qualquer transtorno mental. Sua formula secreta: a felicidade sem limite.

Seus pacientes, estes memoráveis. De todos os tipos e estilos; Homens, mulheres, idosos, crianças - e qualquer ser que se permitisse viver com asas - era liberado sorrir, correr, gritar e amar sob todas as formas. Uma vez por mês o grande baile acontecia, uma grande carnaval em comemoração a simplicidade e a alegria.

Imagine, uma festa feita por loucos para loucos, é inquestionável a simplicidade imposta nesse gesto, afinal, quem melhor do que o macaco para falar do próprio rabo. No salão principal os primeiro convidados começavam a descer. Vestiam-se a caráter. Todos trajavam suas melhores camisas de força, olhos dilatados e riso frouxo.Não se tratava de um baile qualquer, era o baile dos loucos; onde tudo era permitido: rir, chorar, chorar de tanto rir, rir até perder a graça e chorar, gritar, espernear, abraçar, dançar, pular.

O grande baile, era que um dia qualquer, uma reunião rotineira para o chá das sete, que visto pela lente de louco transpassava o real se tornando mágico. A grande razão de vivermos é fazer dos momentos rotineiros grandes acontecimentos, ser louco é ser livre, não se podar aos devaneios da realidade dura, ver com olhos de louco é dançar sem música essa grande baile que é a vida.

Daniele Novais
Enviado por Daniele Novais em 16/10/2014
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