O PROFESSOR

Sebastião não gostava de estudar. O professor perguntou-lhe pelo dever.

-Não fiz.

-Então, vai conversar com a diretora.

-Sebastião, você é um menino bonito, inteligente, bom, educado, mas, não presta atenção na aula, não faz o dever de casa e tira nota baixa nas provas.

O menino ficou caladinho com a repreensão.

Na hora do recreio, o mestre foi falar com a diretora.

-Dona Eliza, o Sebastião não tem jeito. Ele não vai passar de ano.

-Tenha paciência com ele.

-Paciência?! A senhora sabe em quantos colégios eu trabalho? Em três! E esse menino está me deixando estressado!

Dias depois.

-Sebastião, o que é adjetivo?

-Não sei. Professor, por favor, manda eu capinar aquele morro todinho, mas não me manda estudar.

Terminada a aula, o moço saiu depressa para pegar o ônibus para ir para o segundo colégio. Além de aborrecido com o aluno, ele estava cansado, com os braços abarrotados de cadernos e livros.

-O que vou fazer com esse garoto? A pessoa sem estudo não é nada neste mundo. Ele está me tirando do sério. – pensava.

Nisso, chegou o coletivo apinhado de gente, como sempre.

O rapaz entrou e, com dificuldade, foi para o fundo da condução.

Na última poltrona, duas mulheres trocavam gentilezas:

-Senta.

-Não, obrigada. Pode sentar você.

-Senta você. Estou bem em pé.

Exausto com a labuta do dia e com mais um colégio para enfrentar, o moço enjoou com aquela lenga-lenga e disse:

-Vocês querem saber de uma coisa? Estou todo sujo, cheio de piolho, de bicho de pé, carrapato, sarna...

As passageiras afastaram-se e o educador pode descansar um pouquinho.