Que saudade da professorinha...

 
O relato de uma professora desesperançada, que estava sendo ameaçada por uma aluna de uma escola pública, instigou-me as lembranças. Ela destacou que também lecionava numa escola particular e que podia constatar uma enorme diferença no comportamento dos alunos da escola pública e da particular. Sobretudo que os alunos da escola particular se interessavam mais pela aprendizagem, enquanto que os da escola pública iam para escola sem motivação para o conhecimento, e muitos eram usuários de drogas. E que na escola pública o ambiente dificultava ou não era propício para estabelecer uma boa relação professor-aluno.
Sabemos que a relação professor-aluno é fundamental para a aprendizagem. Que o aluno, seja de escola pública ou particular, sai de seu lar em busca do que lhe falta e espera encontrar na sala de aula. Ele projeta seus anseios na escola. E o professor é chamado para atendê-lo, para falar a sua linguagem, entender as expressões peculiares de seu meio. E para estabelecer a esperança. O aluno ao se identificar com o professor acredita que a trilha para encontrar o que lhe falta é a do conhecimento. Conquanto que essa relação de amor precisa ser estabelecida.
Que nos tempos mais remotos inspiraram ao artista, Ataulfo Alves, a compor a inesquecível música, “Meus tempos de Criança”: “...Que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá, onde andará Mariazinha, meu primeiro amor onde andará...” Onde andará minha querida dona Odília? Pergunto-me, saudosa. E acredito que você, leitor, também se lembrará de uma querida professora!
Sabemos que a formação mental do ser humano em nada mudou. Que ele nasce e identifica com os pais. E segue assim, sucessivamente, se identificando, por toda a vida. Por isso não importa o seu ninho, sua classe social, ele estará sempre buscando o seu desejo, a sua falta, o seu paraíso perdido.
Porquanto que a escola, o conhecimento, e a transmissão deste bem maior, necessitam se entrelaçarem de amor e de superação de conflitos. Cada vez que deparamos com a frustação, contrapomos com a construção e reconstrução da esperança. Quiçá tenhamos que buscar no baú das lembranças os exemplos de professores que supriram as nossas faltas, quando crianças. Que amamos. E que esse amor nos ajudou a superar a dor e nos ensinou o limite, a conviver com o possível e a resignar.
Necessitamos para sempre de relações amorosas e compreensivas. De autoridade e não de autoritarismo, pois queremos ser aceitos como somos, com nossas idiossincrasias, que foram criadas no nosso meio social, queremos um ensino que fale a nossa língua. Conquanto que o aluno, seja de qualquer classe social, não poderá prescindir da relação professor-aluno, repleta de esperança e amor, na aprendizagem da escola ou da vida. “...Que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá...”
Maria Amélia Thomaz
Enviado por Maria Amélia Thomaz em 14/10/2014
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