BORBOLETA DE BATOM
Vaidade pode até ser, como nas fábulas, o orgulho e soberba para fazer inveja ao outro; pode ser punida pelo excesso, como foi Dorian Gray na literatura de Oscar Wilde; pode ser o pecado, a exemplo de Narciso em frente ao espelho; também pode ser o exagero da estética, do visual e da aparência por vezes manipulada e artificial.
Vaidade pode ser tudo isso, mas também pode ser natural e leve, bonita e doce, despretensiosa e inocente. A vaidade na sua forma primária, onde só a capacidade de se sentir bem é sua base, é uma borboleta colorida de batom vermelho, com os olhos esfumados pela sombra e um blush básico que faz apaixonar os seres da primavera.
Vaidade também é sinônimo de orgulho, de quem se sente suficiente para acrescentar um pouco de luz aos que estão ao lado; nunca a ostentação pela ostentação, mas o valor daquilo que pode ser útil e servir de alimento aos que voam pelos jardins e são atraídos pelo cheiro do pólen de uma flor de qualidade.
Vaidade é uma lua solta no espaço sem adjetivos que traduzam a sua beleza, é um sol coroando o dia com seu calor adocicado pelas águas dos rios, é uma mulher incrivelmente viva derramando sua alegria nos nossos dias, deixando sua marca e presença eternizados em suas palavras, suas atitudes, sua dedicação e na polinização da saudade.
Ricardo Mezavila