UMA NOTA MUSICAL
É naquela escrivaninha, onde se esconde o meu mundo. É ali que se encontra meu sonho e é lá onde posso torná-lo vivo e real. A partir do momento em que escrevo a primeira letra no papel começo a já viver uma magia, como alguém no silencio e de repente uma melodia vai surgindo, e cada nota musical corresponde a uma letra de um verso. As vezes as notas chegam tão calmas, como um concerto em clarinete de Mozart e é aí em que minha alma se aconchega nas notas como alguém caindo no sono, me atingindo profundamente. De repente uma nota de despertar me acorda e eu paraliso meu sono e me torno várias notas agitadas que não seguem nenhum contexto... apenas se deixam levar e vão preenchendo um papel vazio e em branco com todo sentimento do mundo e o mais engraçado, as mãos dançam no mesmo ritmo escrevendo palavras soltas, dores escorridas, amores em preto e branco e vazio de todas as cores. É uma dança que se perde, uma dança? não, um poema que não vive, uma lembrança. Mas não porque eu vi, mas senti... as flores liberavam algumas poeiras que davam cor para minha alma recolhida que carregava consigo um suspense, um mistério de alguém que chora sem motivo, ou que sorri a qualquer momento. E a cada frase que eu escrevo, existe uma ramificação de todo sentimento, uma comparação eterna. Estou cansada, essas ramificações demais, fizeram me perder, e uma sombra me levou como uma borboleta levando o pólen para uma flor que não germina o jardim, inútil. Escureceu, fechei meus olhos, sobrou apenas uma cicatriz... um sonho, o único que não me permite fazer uma comparação.