Anarco-esquecimento político.
-E como ela era? – Por trás de sua mesa o policial me perguntou.
-Não sei - respondi- Tenho uma vaga lembrança dela. Era de tamanho médio, sete ou oito letras, provavelmente. Tinha um som incrível. Era linda.
Neste momento eu comecei a chorar: logo eu, que a amava tanto, fui perdê-la desse modo.
Então o policial me passou um lenço e trouxe-me um copo de café.
-E como foi exatamente que isto aconteceu?- perguntou ele.
-Eu e mais três amigos estávamos discutindo em um bar. Falávamos sobre política. Foi quando, passado algum tempo de conversa, lembrei-me de meus preceitos. Nossos preceitos, aliás: tínhamos raciocínios políticos semelhantes.
Porém, quando fui adverti-los do habitual erro, algo deu errado: (E ao lembrar-me disso não consegui conter as lágrimas novamente) eu a perdi, simplesmente não sei onde ela foi parar. Às vezes consigo tirar em partes o conceito que ela expressa, mas sua formalidade permanece oculta entre os lençóis obscuros que protegem a minha memória.
Socorro senhor, preciso lembrar-me desta palavra.