A festa da menina
O homem, de dentro do contêiner, alcança as sacolas à mulher. Ela as vai amontoando e separando o que possa ser utilizado.
Mais lá adiante, a pequena menina encontra em dois sacos objetos coloridos que parecem ser bem interessantes. Pratinhos com desenhos. Vários. Garfinhos de plástico, coloridos também. E comida: doces, salgadinhos. Restos.
Resolve iniciar, então, a sua brincadeira, enquanto aguarda o trabalho dos pais. Separa três pratinhos. Em um deles coloca os salgadinhos: uma empadinha, um enroladinho, um pastelzinho, um croquete. No outro, os doces: um bem-casado, um quindim, um brigadeiro, uma parte de bombom.
Todos meio mordidos, meio amassados - mas aproveitáveis, no seu entender. No terceiro, com a mãozinha arruma um pedaço razoável de bolo que encontrou no fundo do saco.
Tudo fica pronto. Bem bonito. Ajeita, então, os cabelos. Apruma-se, como se estivesse se aprontando para a festa que já iria começar. Pronto. À festa! Comeu, um, dois, salgadinhos. Um, dois docinhos.
Quando estava levando à boca um bom pedaço de bolo, sentiu forte dor no dedinho - e gritou! Foi o quanto a mãe correu e percebeu o sangue a escorrer pela mãozinha. Junto ao bolo estavam diversos e minúsculos cacos de vidro...
É que quem fez a limpeza na festa original deveria achar que esta coisa de separação é bobagem. Lixo é lixo, tudo igual...