O SONHO
Eu continuava a percorrer os trilhos de cada letra da palavra liberdade, a cada salto de uma letra para a outra, era um espanto do novo, e o que encantava era a surpresa que cada letra me concedia, e após experimentar cada uma, sei que haveria umas melhores que as outras e previsivelmente passaria por ela mais que uma vez. Eu me sentia, como se eu fizesse de todo chão, um espelho, que refletia o céu. Faria com que tudo fosse o céu, ou seja, eu tinha fases e era nelas onde eu encontrava a harmonia da vida, meus sentidos distribuídos em fases, como as escolas literárias. Tinha a fase do trovadorismo, nesta fase meu céu era azul e cheio de luz, a fase onde me expressava em cantigas e sorria acompanhando a dança e logo após, vinha o humanismo, onde então a noite comandava e a razão era uma máscara que me vedava, me impedia de sentir cada toque do vento nem minha pele e a cada vez que ele me abraçava subitamente. Permitia-me continuar o voo, mas um voo discreto, atrás das nuvens e com as luzes apagadas, a única luz que irradiara era da minha mente, do tamanho de um mar com várias ilhas (onde me estacionava) eram todas distintas. Chega a fase em que me canso e não comparo mais as letras com uma escola literária, somente com o céu, é nesta fase que ele fica cinzento e repleto de lágrima, é onde ele se transborda, gota a gota com a chuva que escorre dos olhos pela face, até cair no chão, evaporar e se tornar uma nuvem, é nesta fase que o sol aparece movimentando todas as minha células e me transcendiam. Como me sentia? bom, era como se uma pessoa estivesse no fundo do oceano, um lugar escuro, mas que era possível enxergar uma fresta de luz azul em constante movimento (onde a pessoa queria chegar) Junto com esta ânsia, ela também queria absorver oxigênio em seus pulmões e então se saciar e virar nuvem. O estágio nuvem era de um sonho preguiçoso, um sonho que não queria acordar, mas sim permanecer num sono, flutuando, tão levemente e onde ninguém podia tocar e ah! onde também a nuvem se abandonava no vento e por ele era guiada. O mais interessante é que todas essas fases faziam parte de um sonho e o sonho foi mais uma palavra encontrada no meio da palavra liberdade, é mais um estágio que tecia o meu passeio com o vento...