O “avião” de dois pilotos!

João Guatafoi Cornélio era o tipo que se orgulhava de ter muito dinheiro ganho em negócios que insistia dizer que eram lícitos. Por exemplo, era intermediário de obras entre empreiteiras e prefeituras. Sua fortuna era mais do que suficiente para manter seu novo lar composto por iates, mansão com piscina e uma bela amante, (um “avião”) mais nova sessenta por cento em idade do que ele, um senhor de sessenta anos de completados neste mês.

Sistematicamente manda pagar no cartório do Fórum o valor proposto pela ex-esposa, mãe dos seus filhos, em acordo firmado em frente ao juiz: “porque gosto de tudo muito sério”, dizia, mas sabia-se que era o medo de ser preso, afinal uma das poucas coisas que dão cadeia no Brasil é não pagar a pensão alimentícia. Mantinha os estudos e a mesada dos filhos e filhas, com quem volta e meia conversava por telefone.

Nos seus empreendimentos que eram muitos, havia venda de medicamentos para farmácias básicas, prestação de serviços de limpeza de cofres públicos, venda de ambulâncias, “aluguel” de iate para governador, e outros meios “enrricatórios”. Tão bom investidor dor que era, aplicava em tudo que lhe desse lucro.

Até a gráfica que imprimia notas frias era de sua propriedade. Mantinha ainda sociedade com um jovem administrador em uma grande imobiliária, um dos seus negócios, empresa esta que fundara para administrar a locação e venda de seus imóveis. Era um forte investidor, um touro dos negócios!

Quando fazia suas viagens de visitas aos prefeitos de interior, peregrinação de negócios que lhe demandava tempo em churrascos, bate papos e emissão de notas fiscais, demoradas em preencher pela quantidade de zeros, ele deixava seu “avião” em casa. Aquela máquina de vinte e quatro anos de idade e seis e uso comprovado, portanto ainda sem bater bielas!

O jovem administrador de imóveis não deixava por menos e ia administrar o bem móvel e articulável do seu patrão. Verificava se a “subia” estava afiada, se subia e descia suavemente! Mas um dia no momento em que “lubrificava” a máquina eis que Cornélio chega e do portão vai gritando: “Querida, cheguei!”, é assim que todos avisam à chegada.

Os dois rapidamente desmancham o cenário, ele se enfia em sua calça, camisa e gravata, ela na pressa pega um vestido de baile e se enfia nele. Cornélio entra e depara com os dois, seu sócio e sua mulher conversando sobre negócios, por desculpa ela desejava vender a uma amiga um pequeno imóvel de sua mãe, e lhe pedia instruções.

Cornélio olhando a mulher com aquele vestido com aplicações de pérolas e paetês, não se conteve e diz para o jovem: “Já reparou como minha mulher se veste bem?”. O sócio, que também se associava no uso do “avião”, ainda no impacto emocional respondeu: “E rápido!”. Foi ai que o investidor percebeu que outro estava investindo no mesmo bem. E o chifre deixou de ser oculto, e pelo que falam o “avião” agora levanta e abaixa com piloto e co-piloto!

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Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, Guanambi / Bahia, que sabendo ser cara a manutenção de um “avião” vivendo feliz sem tal máquina!