Cinearte

Nas décadas dos anos 60’s a 80’s brilhava nas telas, sempre ao lado do cinema pipoca, o cinema cabeça. Havia, nas grandes cidades, sempre uma ou outra sala, muitas vezes chamada “cinema de arte fulano de tal” que exibia filmes consagrados pela crítica arregimentando os enjoados cinéfilos que olhavam com desdém o mau gosto dos pobres mortais do circuitão. Não é pra menos! Os chamados filmes de arte eram complexos, europeus em sua maioria e exigia certa cultura e astral necessários para deleitá-los sem a sensação de sair do cinema sem entender nada. Evidentemente não eram todas as “películas”. Suecos, italianos e franceses “de ponta” eram quem encabeçavam essa leva. Sem ser especialista ou sequer conhecedor reporto a este cinema à inspiração do cinema novo (e chato) brasileiro, claro, com raras exceções. Realmente o experimentalismo é a fase de busca e/ou de protesto em que ainda não se concretizou um estilo que atraísse multidões e que muitos chamariam hoje de alternativo, muito embora de “Malcolm X” para cá os grandes estúdios americanos tenham se detido no potencial do estilo “câmera na mão e ideia na cabeça” como possível filão lucrativo. Mas, às vezes dá saudade de Igmar Bergman, Passoline, e os Françoise’s da vida infectando as almas de densidades e perspectivas novas e soturnas. Felizmente esse cinema possui herdeiros admiradores apaixonados que fazem brotar ainda hoje algumas joias do estilo revisadas pela linguagem mais dinâmica sem perda de intenção. Acho que foi pelo fato de ter visto a Marianne Sägebrecht (talentosíssima atriz alemã que se vê em “Bagdad Café, Rosalie Vai às Compras, Estação Doçura, etc.) recentemente que me remexeu o baú das lembranças.