PRISÃO TECNOLÓGICA PARA ZUMBIS URBANOS

Sem sombra de dúvida a tecnologia embutida nas comunicações aprisiona tão ou até mais que a dependência por qualquer droga que não faça parte do universo das drogas pesadas.

Além de aprisionar ela entorta os olhos, desabilita o senso de segurança, de preservação da vida. Você caminha pela rua e vê dezenas, centenas de pessoas dedilhando seus smartphones, a maioria delas com o fone embutido nas orelhas.

As pessoas atravessam as ruas desatentas sem a menor preocupação com o risco de atropelamento, com a perda de audição, pois o nível do som é tão alto que podemos ouvir mesmo estando metros de distância do zumbi urbano e sem preocupação aparente com assaltos.

Esta prisão ataca pessoas de vários seguimento, independente do público ou privado, do menor ao maior escalão. A diferença é que no privado alguém estará atento!

Ontem avistei dois agentes de segurança em postos de patrulhamento, ambos ao alcance mutuo da vista, de repente um deles retira de dentro de um dos bolsos da capa do colete um telefone celular dá uma olhada e sai pela rua Botafogo e tão logo sai do alcance da vista dos transeuntes retorna a pegar o telefone e passa a ler o que provavelmente era uma mensagem. Na outra esquina o outro patrulheiro está imóvel, olhar perdido no infinito, infinito da parede do outro lado da rua, fones enfiados nos ouvidos se encarregam de mantê-lo alienado à razão de estar ali e nem percebe que um cidadão sessentão, amparado por duas muletas-bengalas precisa fazer um esforço enorme para esquivar-se dele que permanece estático ocupando parte da estreita calçada.

Certamente não é ali que desembarcou nada de comunitário.

Aos aflitos corporativistas fica a pergunta: será que a delinquência não sabe o que é desatenção?

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 09/10/2014
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