INUSITADO HÁBITO FAMILIAR
Jardins bem cuidados ou mesmo sem cuidados, mas sempre bonitos. Varandas com vasos, arranjos e flores criando um singelo e acolhedor ambiente. Comuns paisagens urbanas a que nossos olhos se acostumaram, de repente, dão lugar a uma varanda destituída de beleza. Nenhum sinal de cuidados femininos, nenhum toque gracioso artesanal, nenhuma presença de luz, nada de lirismo ou poesia. Apenas uma necessária mobília. Rústica. Descombinada. Uma mesa, alguns cinzeiros e outros utensílios sobre ela. Nada combinando, tudo improvisado, cadeiras de plástico, de metal, de madeira. Ambiente distante de qualquer criatividade e arte.
Nesse ambiente, não raro, a qualquer hora do dia (manhã, tarde ou noite) pessoas jogando baralho, distribuindo cartas, sorteando naipes, construindo harmonias, disputando posições, vibrando com a sorte ou astúcia, gritando a plenos pulmões as conquistas pessoais ou do grupo. O que é raro lazer a muitos, a essa família ou comunidade é o dia a dia. É rotina. Não faço juízo. O preconceito latente irrompe. Um mistério ao qual não penetrei. Nem pretendo entender. Registro apenas a reflexão. Aquele que tudo criou resposta tem ao enigma. Eu, a dúvida!