Noite quente de um dia inexistente.

Debruço-me na janela sob este por do sol incandescente, que rasga o horizonte azul dessa tarde de Novembro quente, esperando à hora de mais uma vez desenhar seu nome nas primeiras estrelas que acenderem a noite. Minha mente se perde na lembrança daquele 4 de Outubro, quando pedi para um pássaro lhe entregar a carta que na véspera havia sonhado em lhe escrever, eu sussurrei palavra por palavra naquele papel cada verso que não fui capaz de lhe recitar. Eu só queria que você pudesse ver, ao abri-la, cada sonho que deixei de sonhar por medo de ao seu lado estar. Viro-me e vejo que o calendário na parede paralisado naquele dia ficara e há de ficar, abaixo dele lá ainda está o vaso com o que sobrou da rosa que tarde de mais fui lhe comprar. A TV da tomada desligada está, não a ligo mais, pois cada noticia traz a data de um dia cada vez mais distante daquele que eu queria estar. Deito me acordado, ao teto a olhar, desejando apenas em 3 de Outubro acordar.

Leonio Red Fire
Enviado por Leonio Red Fire em 08/10/2014
Código do texto: T4991762
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.