Vida Conjugal
Quando somos solteiros gostamos de sair com as pessoas da nossa faixa etária, para atividades de lazer e entretenimento diversas. Os encontros são sempre alegres e a diversão é certa, afinal, o que todos querem é curtir, aproveitar ao máximo essa etapa da vida.
Os anos se vão, os antes garotos agora estão se formando, cada um em sua área de afinidade e ingressam no mercado formal de trabalho.
Mais uma década se passou e nesse transcurso é natural que as pessoas conquistem certa estabilidade profissional e financeira e, consequentemente, assumam os laços de uma vida conjugal.
Aquela pessoa com a qual convivemos por certo tempo, mas que com ela não dividíamos o mesmo teto e que a víamos por pouco tempo, agora é como a nossa sombra.
Agora as fraquezas, as deficiências, os jeitos e os trejeitos de um e de outro estão à mostra, não há como esconder.
Os problemas que antes eram individualizados, agora são comuns e envolvem ambas as partes.
O novo casal agora dividirá a mesma cama, o mesmo quarto, o mesmo banheiro, os mesmos espaços. Também serão divididas as contas, as alegrias, as tristezas. Agora os atos não poderão mais ser unilaterais, um deve satisfação ao outro. Pesa sobre ambos o orçamento doméstico, a manutenção e a limpeza da residência, assim como o suprimento geral, a aquisição dos móveis, eletroeletrônicos, bem como a contratação e manutenção das empresas concessionárias dos serviços públicos de água e luz e das provedoras de serviços de internet, TV por cabo e telefonia.
Alguns usos e costumes terão que ser revistos, renegociados, posto que agora tornaram-se incompatíveis nessa relação.
Se antes o roncar não incomodava tanto, agora, estando lado a lado, dividindo a mesma cama, por tanto tempo, já se configura problema, pois o outro quer ter direito e carece de uma boa e reparadora noite de sono.
Apesar das dificuldades do dia a dia, passa uma década, passam duas, três e, por melhor e mais bem-sucedido que a vida pessoal esteja, fica sempre uma pontinha de dúvida sobre a escolha feita. É como aquela sensação que temos quando queremos muito alguma coisa e depois que a adquirimos, passados os momentos de euforia, já não a queremos mais ou ela não nos desperta tanto interesse.
Quando não se tem boa compreensão do quanto a vida conjugal é complexa e desafiadora, sobretudo após a chegada dos filhos, pode-se incorrer no erro de achar que não se uniu à pessoa certa. Que, caso a escolha tivesse recaído sobre outra pessoa, as coisas seriam bem melhores.
Pode até ser que a escolha tenha sido errada, mas, nessa hipótese, não se vive sob o mesmo teto por muito tempo.
Antes de chegar a conclusões equivocadas saiba que se você se uniu a uma pessoa respeitosa, cooperativa, trabalhadora e cumpridora dos seus deveres como marido/esposa, pai/mãe, você fez a escolha certa, apesar de sentimentos eventualmente conflitantes.