TUPI, A LÍNGUA DO BRASIL

Com relação à conversação na língua é óbvio que o tupi deve

ter tido um vocabulário bem mais amplo do que o

vocabulário que conhecemos pois essa língua foi falada

em todo o país durante muito tempo e era praticamente o

único veículo de comunicação em nossa terra. Assim o

tupi continuou como a língua de um povo que não era

apenas indígena: passamos a ser os descendentes dos

indígenas misturados com o sangue do português, que era

minoria e foi assimilando o nosso idioma, já que éramos

percentualmente a maioria. Por outro lado, os

gramáticos se resumiram àqueles antigos nossos

conhecidos que não puderam acompanhar a língua através

da sua evolução (Anchieta e outros viveram apenas nos

primórdios do Brasil e a nossa população inicial

apresentava índices baixos de educação e cultura: não

tínhamos boas escolas nem gramáticos).

Sabemos que a língua dos bandeirantes era o tupi e que

em todas as grandes cidades só se falava o tupi. O

português era usado apenas por uns poucos, nos contatos

com os portugueses da metrópole. Quando Pombal proibiu

o uso do tupi, tivemos que aprender a língua de

Portugal, coisa que conseguimos com dificuldades e com

muito sotaque e palavras do tupi, como é o português

falado por nós, brasileiros.

Portanto, o tupi gramatical ficou praticamente restrito

a alguns jesuítas e uns raros professores que ensinavam

e elaboravam gramáticas nos primórdios do Brasil,

tornando a língua para nós de hoje em dia como uma

espécie de latim, que se resumem apenas àquelas palavras

registradas por eles, do que lhes ensinavam os índios.

Dessa forma, o que evoluiu do tupi nas cidades e no

interior, certamente não foi registrado.

Segundo me consta, o professor Eduardo Navarro está

ensinando tupi aos Potiguara da baía da Traição, na

Paraíba. Isso, para devolver a auto-estima daquela

população indígena. Não acredito que essa atitude torne

o tupi uma língua artificial. Pelo contrário, ela se

tornará uma língua revitalizada, representante da

identidade cultural de um povo.

Os judeus que retornaram a Israel, revitalizaram o

hebraico e a tornaram o principal fator de identidade do

seu povo naquele país e para tanto, não tiveram a

necessidade de se valer de vocábulos estrangeiros,

porque as próprias aglutinações de palavras da sua

língua serviram para produzir vocábulos modernos que

acompanhassem a evolução de sua cultura.