"O TEMPO NÃO PERDOA" Crônica de: Flávio Cavalcante
O TEMPO NÃO PERDOA
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Em muitas pessoas a vaidade briga o tempo todo com as marcas do tempo no rosto. As rugas inevitáveis aparecem sem pedir nenhuma licença e entram na vida das pessoas causando muitas vezes distúrbios mentais em algumas, por não admitirem que já não mais aquele brotinho como outrora. Coisa do tempo, da natureza. Cada um tem a sua hora e o momento certo. A própria natureza nos dá isso como lição. Somos frutos ainda imaturos e vamos gradativamente amadurecendo e até apodrecermos. Assim é a nossa realidade.
A valorização da matéria é muito comum nas pessoas, principalmente nos jovens. A vaidade põe uma barreira na nossa vida e leva-nos a enxergar somente o que se quer ver através do espelho. Esquecemos de enxergar a nossa essência; esta sim é verdadeira, imortal e é invisível aos olhos da carne.
O espelho nos mostra a matéria e nem tudo que ele mostra é fato. A matéria é estragável e a mente não deixa isso transparecer. A nossa mente interpreta muitas vezes de maneira errônea. O que é bonito ou feio de fato, quando nos referimos a nós mesmos? Essas e outras interrogações vão muitas vezes de ralo á baixo quando passamos a nos olharmos diretamente no espelho. O querer estar perfeitamente lindo (a), para outrem muitas vezes tem que tirar até leite de pedra e é imperceptível para a nossa realidade. Isto em alguns casos chega a ir à barreira do ridículo, mas, alimenta o ego de certa forma, quando se recebe um elogio mesmo sabendo que é só para agradar. Olhares constantes entregam que existe algo de bom ou ruim, mas, nossa mente só consegue enxergar o lado bom, o que muitas vezes os olhares são de repreensão.
Outras pessoas não aceitam a reação do tempo e começa uma briga constante consigo próprio, pondo artifícios como se quisesse dizer “Pára por aí” O tempo parece ser surdo e continua fazendo a sua missão na natureza. O aceitar as normalidades da vida é questão de evolução do espírito. O apego a matéria é próprio de espíritos ainda imaturos, mas que carregam mesmo inconscientes a responsabilidade de preservação do corpo, não a adoração.
Li vários artigos sobre mulheres que não aceitando as deformidades do corpo, passaram a usar todos artifícios indicados por amigos sem nenhum acompanhamento médico e o resultado em alguns casos chegaram até a óbito. Os mais graves acontecem quando as mulheres se deparam com o espelho e a balança. O outro lado do espelho revela uma realidade que a mente não consegue acompanhar.
No hoje, vemos artistas anosos mas com rostos, que parece que o tempo deu uma trégua para eles. O que na realidade são artifícios que usam para dar uma maquiagem e massagear o ego. Vivem numa ilusão eterna, carregando o sofrimento por perceber que a cada dia que passa tudo que foi feito foi em vão; o corpo vai se deteriorando naturalmente, criando uma faixa de Gaza entre a mente e o corpo. O tempo não pára e todos nós envelhecemos. Isto é fato.
A realidade é que a única certeza que temos nessa vida é a morte do corpo físico que começa na hora em que nascemos e a cada dia que passa na nossa vida o tempo não perdoa mesmo; porém, as nossas vaidades, amor pelos nossos bens terrenos e outras sensações da carne tudo vai permanecer aqui nesse lugar. Lembremos que a vida passa e caixão não tem gaveta.
Flávio Cavalcante