UMA DEMONSTRAÇÃO DE NATAÇÃO EM PALMEIRA, PR

UMA DEMONSTRAÇÃO DE NATAÇÃO EM PALMEIRA, PR

Ivete foi uma educadora paranaense maravilhosa. Adepta de Paulo Freire e Piaget (na década de 60 era o “must” em educação infantil), tinha uma escola no bairro do Batel, próximo à rua Vicente Machado, em Curitiba. Além da direção da escola, possuía várias outras atividades. Meus filhos eram alunos da escola e eu participava ativamente da mesma. Chamava-se Centro Integrado de Orientação Infantil, se não me falha a memória.

Belo dia Ivete me chamou para uma conversa. “- Paulo, vamos a Palmeira domingo que vem. Você pode ir?”. Respondi que sim, poderia ir. Ainda estava mentalmente me perguntando o motivo do convite, quando ela informou: “- Você vai fazer uma demonstração de natação. A cidade está inaugurando uma piscina e me perguntaram se eu conhecia um nadador. E eu conheço você.Topa?” Simples assim. Não querendo decepcionar a professora aquiesci ao convite e comecei a me preocupar com a tal “demonstração”, pois não fazia a mínima ideia do que iria fazer. Estava fora de forma, sem treinar e competir há tempos. Bom se era só para nadar alguns metros, não haveria problemas.

E o domingo chegou. Cedo, saímos de Curitiba em direção à cidade de Palmeira, uns 80km de distância. Chegamos e era um dia festivo na cidade, a inauguração da piscina de um clube. Ivete me apresentou como o melhor nadador do mundo, que ela havia trazido para abrilhantar o evento. Nesse momento senti o peso de responsabilidade e ao mico a que eu estava exposto. Havia entrado numa saia justa. Além de não me decepcionar comigo mesmo,não podia decepcionar aos que estavam assistindo. Depois de uma negociação com o presidente do clube, ficou acertado que eu nadaria 200m medley, ou seja 50m de cada estilo, o que daria à plateia ( que lotava as laterais de piscina) uma ideia da que seria natação. O alto falante anunciou: “- Agora teremos uma demonstração feita pelo grande nadador santista Paulo Miorim!” Cá entre nós, acho que fui até um bom nadador, mas “grande” era um exagero.

De qualquer modo, eu estava comprometido até o pescoço. Havia entrado de gaiato nessa barca furada e teria que ir até o fim. Me dirigi à baliza 03 sob salva de palmas, subi na mesma e, após tomar posição de saída, me lancei à agua. Muito fria, por sinal. Começaria com borboleta. Ao completar os 50 borboleta (nunca fui bom nesse estilo e é o que mais exige do nadador), um gaiato da cidade caiu na baliza 2 e, nadando com a cabeça fora d`água, quis me acompanhar. Seria um absurdo aquele cara conseguir a mesma velocidade de um “grande” nadador como eu! O cara de nado “matacão” e eu nadando costa, que era o meu estilo, foi fácil. Mas quando virei para nadar nado peito ( clássico) , a coisa apertou e fui obrigado a enfiar a mão na água até a exaustão. Quando cheguei para virada dos 150m estava no meu limite, e o cara, graças a Deus, tinha ficado para trás. Nadei os 50 de nado lvre m (crawl) e consegui concluir a demonstração. Morto de cansado. Novas salva de palmas. Indicaram que eu havia agradado. Até o pentelho que tentou nadar comigo me cumprimentou. Ufa! Ivete adorou.

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 06/10/2014
Reeditado em 26/09/2021
Código do texto: T4989009
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