Amigos e amigos
 
Quando se fala de amigos é unânime o sentimento de que estamos falando da dádiva do encontro de pessoas afins. Assim falou Vinícius de Moraes, assim pensaram os antigos filósofos. Gostamos de ser lembrados como somos amigos maravilhosos, leais, etc. e retribuímos os mimos com igual entusiasmo. Para esse fim, até foi criado um dia comemorativo: 20 de julho, o dia do amigo. Quando temos amigos anjos, ganhamos asas em sua companhia. Contudo, hoje quero falar do amigo “mala”, que surge sem avisar, se abanca na sala, abre a geladeira e quer conversa que dure quando estamos pra lá de ocupados ou então quer por que quer nos arrastar para a rua. Isto sem falar que aponta nossos defeitos (não que a gente tenha algum!). Pu-ra-in-ve-ja. Esse já dobrou o limite da amizade e já se tornou irmão. Não desiste de nós quando sumimos de vista, nos isolamos por opção de "solitude". Sabe, apesar das desavenças, que criamos laços que não se dissolvem pela distância ou circunstâncias. O fato de termos nós, ou terem eles, pisado na bola não desfaz o carinho, o respeito, as memórias de outros dias. Aí, quando a aura de serafins nos cai da testa, pode haver um longo silêncio em que estaremos aprendendo a ser humanos, descobrindo em nós limites. Coisa que com a globalização está se perdendo, embora meu pitaco seja de que necessitamos todos de limites para vivermos melhor nossos papeis e não invadirmos o quadrado do outro. Depois disso vem presente maior: o reencontro!


Imagem: meriam lazaro
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Amigos e amigos
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