DE MÃOS DADAS
Vinha caminhando pela rua, quando de repente me deparei com um casal de idosos, eles seguiam a minha frente de mãos dadas e conversando entre si, olhei ao redor para ver de onde haviam surgido, vi que desceram de um ônibus lotado de pessoas da terceira idade. Provavelmente estavam retornando de um baile acontecido em outra localidade. Pela maneira como eles seguiram em direção a sua casa, era possível notar que estavam alegres e caminhavam bem ligeiro, quem sabe estavam loucos para chegar em casa, se livrar das roupas do passeio, tomar um banho gostoso e, quem sabe até teriam tempo para um bom chimarrão, enquanto olhavam a novela na TV.
Confesso que aquela cena ficou comigo, daria tudo pra saber o que eles estavam conversando, poderia ser sobre o baile, das pessoas que estavam lá, dos amigos que acompanharam o passeio, comentários normais. Será que continuavam de mãos dadas, quem sabe na hora da sua novela, relembrando a tarde no baile, tantas recordações. E lá estava eu, pensando neles, não importa a idade e sim as escolhas que fazemos, poderiam muito bem ficar em casa, dormindo, olhando TV, talvez pegassem um livro pra ler, não, eles não têm perfil para isso, a maneira deles andar ligeirinho é de gente que sabe viver a vida, eles escolheram fazer um passeio, dançar, conversar, dar umas boas risadas.
Bem, o casal devia estar descansando, será que a palavra seria essa mesma, eu arriscaria trocar por “relaxando”, o dia havia sido cheio de contentamento, principalmente quando ouviram aquela música, sim, aquela que lembrava do tempo em que se conheceram, que começaram o namoro, enquanto isso, os pensamentos fervilhavam em minha cabeça pensando naquele casal de mãos dadas, se dirigindo pra casa num final de tarde.
A imaginação é fértil e comecei a pensar como seria a noite daquele casal, quando deitassem, será que o assunto seria sobre o passeio, quem sabe estariam conversando a respeito dos amigos que num certo momento de suas vidas fizeram também suas escolhas, ou seja, ficar trancado em casa, pensando em tantas doenças que fazem parte do nosso dia a dia, nos remédios que estão tão caros, o médico que já não os atende como antigamente, os filhos e netos que demoram a visitá-los, não, com certeza eles se aconchegaram de mãos dadas, às vezes, uma mão se soltava para um carinho de leve ou uma caricia mais ousada, tudo isso reflexo de suas escolhas, saber aproveitar a vida ao invés de se esconderem dentro de suas próprias casas.
Um casal de idosos também ama, sente prazer, vibra um com o outro, portanto, eles também fazem amor, o prazer físico transforma qualquer um, talvez não seja nada arrebatador, mas o amor tem a dose certa, é só fazer a escolha certa, no momento certo, da forma carinhosa que a ocasião pede. Pensando nisso lembrei que havia guardado uma mensagem que li e gostei muito, para quem sabe usá-la numa ocasião especial, eis que chegou a hora: “Uma pessoa permanece jovem na medida em que ainda é capaz de aprender, adquirir novos hábitos e tolerar contradições.” Portanto, não existe idade para fazer escolhas, o importante é saber que o amor é tudo num relacionamento e então, aqui está uma história, que bem poderia ser fictícia, mas parte dela é verdadeira, pois para quem ama, não importa a idade e sim saber o que importa para ser feliz, seja de mãos dadas ou não, mas tudo em nome do AMOR!
CLAIR WILHELMS —21/08/2014