A GINÁSTICA DOS BRASILEIROS

Outro dia, numa cidade vizinha tão pertinho daqui que até parece bairro, tive que esperar mais ou menos uma hora pela pessoa com quem eu ia falar. Tempo curto para voltar pra casa, tempo longo para ficar pela rua, ainda mais em um lugar sem nada de especial para fazer, nem mesmo olhar vitrines. Por alguns minutos sentei-me debaixo de uma frondosa árvore na praça, depois pensei em procurar uma manicure, pois já estava mais do que na hora de dar um trato nas unhas. Assim mataria dois coelhos. E lá fui eu peguntando onde podia encontrar um salão. Vira daqui, vira dali, falei com uma senhora sentada à porta de uma lojinha. Para minha surpresa ela era manicure, lá dentro tinha os apetrechos necessários! Pela primeira vez na vida fiz as unhas num local completamente inesperado e fiquei pensando na criativa ginástica dos brasileiros para ganhar o sustento. “Aqui na minha casa não tem bolsa família, não”, ela me disse. “Eu sempre trabalhei para criar meus filhos e agora ainda ajudo um neto. Quando o dinheiro vem do próprio esforço a gente se sente bem”.