Temporal

Esta é uma narração que escrevi na aula de redação e resolvi postar aqui, espero que gostem!

Temporal

Os ventos fortes e o mar revolto formam ondas que alegram um jovem surfista. Na mesma praia, próxima a ele e com um guarda-chuva na mão, uma senhora, já bem velha cujo nome é Marieta, luta contra a ventania e vagarosamente sobe as escadas do farol.

Alguns minutos depois, o rapaz se irrita por ter deixado uma onda passar e resolve abandonar o surf. Enquanto isso a senhora comemora o fato de já ter subido cinco degraus.

O jovem decide ir embora, porém ao sair do mar contempla o farol e resolve subir.

Em meio as escadas, encontra com Marieta. Sem nenhum cumprimento, ele a deixa para trás e em instantes já está no topo da estrutura. Onde a idosa só consegue chegar depois de alguns minutos.

Quando chega ela logo se irrita, pois o surfista está apoiado na cerca e bem ao centro, ou seja, posicionado estrategicamente no lugar que pertence a ela.

Apesar de brava, a senhora se dirige até o jovem a fim de pedir educadamente que ele se retire. Mas, ao chegar perto, lhe dá uma guarda-chuvada no pulso.

Sem entender nada, o rapaz encara a senhora com espanto.

- Tire esse relógio de perto de mim! – gritou ela.

Foi estranho! O jovem a julgou como louca no primeiro instante. Porém, esse episódio conflituoso deu origem a uma conversa sobre o tempo.

A velha mulher contou que estava triste, pois o marido morreu, os filhos estão longe e a única amiga que lhe resta, Marisa, está com Alzheimer, o que estranha, mas sinceramente a deixava com um pouco de inveja. Afinal, agora Marisa pode esquecer que já não tem muito futuro.

Nesta parte da conversa, o surfista se comove, retira o relógio e o joga ao vento.

Meio que instintivamente Marieta o abraça e no momento do abraço diz:

- As pessoas querem um presente modificador para que o futuro seja brilhante enquanto for futuro, extremamente belo quando for presente e cheio de boas histórias ao se tornar passado. Mas grande parte delas nem percebe o tempo passar, um dia acordam e ao olhar no espelho não se reconhecem mais. Isso aconteceu comigo e é por isso que eu afirmo que a racionalidade dá aos homens a oportunidade de escolher o que fazer com o tempo, mas também promove o medo de perdê-lo.

Ditas essas palavras o abraço se desfez, trovejou e um raio cortou o céu. Começou a chover!

- Cairá um temporal sobre os seres temporais – Disse Marieta, abrindo o guarda-chuva e olhando para o horizonte!